A halitose e as doenças da boca  

halitose

07/04/2021 | Por: Odonto Busca Redação

Você sabe o que é halitose? Mais conhecida como mau hálito e “bafo”, a halitose pode ter muitas causas diferentes. Logo, pode ter origem no estômago ou na boca, por exemplo, ou ainda ser reflexo de desidratação, entre outros fatores.

O cheiro desagradável incomoda e, pior, pode não ser sentido pela pessoa que o exala. Portanto, independentemente de sua origem, merece atenção rápida.

Neste artigo, vamos nos aprofundar nas causas orais, que podem ser sinal de cárie, gengivite, placa dental e até periodontite.

Vamos esclarecer a fundo estas causas e os tratamentos. Acompanhe e tire todas as suas dúvidas.

O que é halitose?

Classificação de acordo com o tipo

Quando a halitose é patológica

Achados clínicos

Causas orais da halitose

Gengivites e periodontites

Glossites e saburra lingual

Candidíase oral

Amigdalites

Tumores da cavidade oral

Alterações da mastigação, movimentação da língua e deglutição

Xerostomia

Tratamento da halitose

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O que é halitose?

A halitose é um odor desagradável exalado pela boca. É, ainda, persistente. Ou seja, não acaba após a higiene bucal. Talvez você não saiba, mas o termo também é usado para definir a liberação de odores desagradáveis por outras cavidades, tais como o nariz, os seios paranasais e a faringe.

É uma ocorrência muito comum e afeta milhares de pessoas em todo o mundo. Por consequência, impacta imensamente o comércio de pastas dentais, enxaguantes bucais, máscaras e outros produtos desenvolvidos para combater o mau cheiro, motivando milhares de vendas.

Classificação de acordo com o tipo

Ela é classificada em halitose fisiológica e patológica. A fisiológica é resultante da nossa rotina diária e não deve ser vista como uma preocupação.

Assim, aparece em decorrência da redução do fluxo salivar à noite, causando o bafinho da manhã, ao acordar. Também pode aparecer devido à ingestão de álcool ou alimentos que causam um odor mais forte, tais como alho e cebola.

Ou seja, a halitose fisiológica é transitória e totalmente controlável pela higiene bucal adequada. Já a halitose patológica não. Ela é persistente e não desaparece ao escovar os dentes, passar o fio dental e fazer uso de enxaguantes bucais.

Quando a halitose é patológica

Quando a halitose se apresenta persistente é hora de se preocupar. Sendo assim, o odor também fica mais intenso e, por conseguinte, mais desagradável também, indicando a existência de patologias bucais.

Este tipo de halitose pode ser dividido em “halitose verdadeira” ou “genuína”, “pseudo-halitose” e “halitofobia”. A halitose verdadeira provoca um mau cheiro objetivo. Na pseudo-halitose isso não ocorre.

Já a halitofobia é um quadro peculiar que envolve componentes psicossomáticos, com alterações comportamentais relevantes. Sendo assim, a preocupação em relação ao mau hálito parece maior que a halitose em si.

Independentemente de suas classificações, a halitose patológica requer tratamento. O dentista irá focar a sua atenção nas causas orgânicas para combate-las.

Mas, em alguns casos, pode ser necessário até mesmo apoio psicológico e, eventualmente, acompanhamento psiquiátrico.

Diagnóstico da halitose

Diante desses quadros, é relevante fazer exames para identificar corretamente a causa e indicar corretamente o tratamento. Portanto, o dentista deverá cumprir três etapas fundamentais.

Em um primeiro momento, irá levantar a história clínica do paciente com detalhes. Aqui, fará um apanhado das características do mau hálito, há quanto tempo persiste, os hábitos de higiene, uso de medicamentos, hábitos alimentares e até a quantidade de saliva, dentre outros aspectos.

A segunda etapa consiste em um exame físico minucioso. Aqui, o profissional avaliará o estado geral dos dentes e das gengivas, se há presença de sangue ou restos alimentares na boca e bolsas gengivais.

Também, serão observadas as características do dorso da língua e a presença ou não de criptas amigdalianas com caseum. O caseum é caracterizado por uma protuberância de material calcificado nas amígdalas.

Além disso, o dentista realizará a avaliação organoléptica, ou seja, sensorial, do hálito. Para isso, geralmente a técnica utilizada é a mais simples e direta possível, que é sentir o cheiro exalado pelo paciente durante o exame clínico.

O cheiro deixado pelo dorso da língua também é sentido por meio de uma gaze após esta ter ficado envolta à língua por cerca de um minuto.

Com base nestes exames, o dentista irá classificar o grau da halitose de acordo com a sua intensidade. Sendo assim, pode ser:

  • Sem halitose
  • Halitose suave ou questionável
  • Leve
  • Halitose importante, mas tolerável
  • Halitose importante, mas intolerável

Embora a história clínica e os exames físicos sejam extremamente significantes, o dentista poderá, ainda, avançar em uma terceira etapa e solicitar exames complementares para fechar o diagnóstico.

Achados clínicos

Com base nos resultados levantados durante estas etapas, o dentista estará apto, então, a dar o diagnóstico correto. Portanto, saiba o que os achados clínicos podem indicar. Sendo assim, a lista que segue é bem completa e inclui diagnósticos além dos dados pelo dentista.

  • Sangramento gengival e/ou dentes moles: Indício de gengivite e periodontites.
  • Aspereza da língua e/ ou ardor na boca: Glossites e saburra lingual.
  • Dores de garganta frequentes, imunopressão e/ ou saída de grânulos amarelados da boca: Amidalites, caseum ou candidíase oral.
  • Obstrução nasal e/ ou disfonia e disfagia: Tumores, corpos estranhos.
  • Déficits motores, AVC, paralisia facial e/ ou engasgos: Alteração da mastigação, da movimentação da língua e alteração da deglutição.
  • Boca e olho secos, depressão, hipertensão arterial, dietas: Síndrome de Sjögren, medicamentos.
  • Disfagia, gases, pirose, tosse, queimação retroesternal, epigastralgia, icterícia, melena, enterorragia, obstipação, diarreia: Alterações gastrointestinais, tais como hérnias hiatais, refluxo, gastrites etc.
  • Tosse crônica produtiva e/ ou hemoptise: Alterações pulmonares, tais como bronquiectasias, abcessos pulmonares e cavitações.
  • Cefaleia, obstrução nasal, rinorreia e/ou hiposmia: Alterações nasossinuasais, tais como sinusites, epistaxes, corpos estranhos e tumores.

Causas orais da halitose

Das doenças citadas acima, vamos entender uma a uma as que possuem causas orais e, portanto, podem ser tratadas pelo dentista.

Gengivites e periodontites

Gengivite gravídica

As gengivites e as periodontites estão entre as causas inflamatórias orais mais comuns de halitose. Muitas vezes, são consequências diretas de má higiene oral.

Ou seja, restos alimentares, saliva e bactérias depositam-se entre os dentes e na região subgengival formando a placa bacteriana.

A placa bacteriana causa um processo de desmineralização do esmalte dentário, gerando o tártaro. O tártaro, por sua vez, é uma das causas da retração gengival e da formação das chamadas bolsas periodontais.

As bolsas periodontais são locais propícios para o acúmulo de restos alimentares, os quais promovem um processo inflamatório nas estruturas periodontais. Sendo assim, geram sangramentos frequentes.

Esta situação é um meio de cultura ideal para a proliferação e ação de algumas bactérias anaeróbicas presentes habitualmente na flora bucal.

Assim, por meio de suas enzimas proteolíticas, estas bactérias produzem os compostos sulfurados voláteis, que são os responsáveis pelo mau hálito.

Como identificar a gengivite e combatê-la no princípio.

Glossites e saburra lingual

A saburra lingual, assim como os quadros periodontais já citados anteriormente, é uma das principais causas de mau hálito. Ela é composta, sobretudo, por saliva e restos alimentares que se depositam no dorso da língua.

Estes restos alimentares dão um aspecto esbranquiçado e amarelado à sua superfície. Em geral, esta secreção é facilmente controlada com a higiene oral convencional.

No entanto, fatores como higiene e dieta inadequada, tabagismo, línguas fissuradas e glossites podem contribuir para deposição excessiva de saburra.

Muitas vezes, a saburra se apresenta espessa e fortemente aderida ao dorso da língua. Tal condição favorece a proliferação das bactérias produtoras de compostos sulfurados voláteis que, como foi dito, geram o mau hálito.

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Candidíase oral

A candidíase oral é um tipo de infecção fúngica que pode ter origens diferentes. Portanto, pode ser resultado de tratamentos prolongados com antibióticos e corticoides, de quadros de imunossupressão, HIV, quimioterapia e radioterapia, por exemplo.

As infecções por cândida geram um aroma característico levemente adocicado. O diagnóstico pode ser feito pelo exame clínico e identificação do fungo em meio de cultura.

Sendo assim, o tratamento envolve o uso de antifúngicos de uso local, como a nistatina; e sistêmico, como cetoconazol, fluconazol e itraconazol, dependendo da gravidade do quadro.

Amigdalites

As amigdalites são caracterizadas por uma secreção purulenta, inflamação e necrose tecidual, responsáveis pelo mau hálito. Acúmulo de restos alimentares formam o caseum, que tem papel importante no surgimento da halitose.

Logo, seu tratamento envolve medidas de higiene oral com bochechos e gargarejos, remoção mecânica dos restos alimentares das criptas, vaporização das criptas (criptólise) a laser, dependendo da posição e do tamanho das criptas, e até mesmo amigdalectomia em alguns casos.

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Tumores da cavidade oral

Neoplasias malignas da boca podem contribuir para o mau hálito devido à necrose tecidual, ao sangramento, à infecção secundária e ao acúmulo de restos alimentares.

Os quadros leucêmicos também podem provocar alterações gengivais e favorecer sangramentos, que são fontes protéicas para as bactérias que geram o mau hálito.

Como a odontologia em pacientes com câncer pode ajudar a minimizar complicações.

Alterações da mastigação, movimentação da língua e deglutição

Alguns problemas possibilitam o acúmulo de restos alimentares dentro da boca. Entre eles, estão os problemas de oclusão, as alterações de mobilidade da língua, que geralmente se dão em consequência de AVC; e as disfunções da articulação temporomandibular (ATM).

Também, pode ser consequência de paralisia facial, fissuras palatinas e disfagia.

As disfunções da ATM são muito comuns e bastante incômodas. Saiba tudo sobre este distúrbio e como tratá-lo.

Xerostomia

Algumas situações como dieta inadequada, desidratação, respiração bucal, radioterapia, síndrome de Sjögren e medicamentos (diuréticos, antidepressivos e anti-histamínicos) podem reduzir o fluxo salivar, gerando boca seca.

Logo, a redução da saliva pode ser uma importante causa de mau hálito, pois ela é um importante mecanismo de limpeza e de lubrificação da cavidade oral.

Além disso, participa do controle da flora bacteriana. Inicialmente, o tratamento deve incluir frutas cítricas na alimentação e bastante hidratação.

Pode ser necessário, pode-se fazer uso de lubrificantes e das chamadas salivas artificiais.

Tratamento da halitose

O tratamento da halitose poderá ser, muitas vezes, multidisciplinar. Ou seja, envolvendo profissionais da área médica e odontológica.

Além do tratamento específico de cada doença, os pacientes devem receber orientações gerais para evitar o mau hálito.

Saiba ainda mais sobre o mau hálito.

Na ausência de doença específica, um dos pontos que deve ser valorizado é o dorso da língua e a presença de saburra. Logo, além da escovação dos dentes, é fundamental a limpeza do dorso da língua, pois muitas vezes sua simples escovação não é suficiente para a remoção da saburra mais espessa e aderida.

Sendo assim, podem ser utilizados raspadores de língua disponíveis no mercado, que garantem maior eficiência e menos náuseas que a escova dental tradicional.

A importância de limpar bem a boca.

Além da escovação, do uso do fio dental e dos raspadores de língua, deve-se complementar a higiene com enxaguantes bucais de propriedades cosméticas e desinfectantes que reduzem a flora bacteriana.

Portanto, os enxaguantes bucais são utilizados para a limpeza de áreas de difícil acesso, como as amídalas linguais.

Além dos enxaguantes bucais, os lubrificantes orais como a carmelose sódica e compostos contento celulose, amido e glicerato podem ser úteis nos casos de xerostomia. Contudo, alguns enxaguantes bucais contêm alta concentração de álcool podem agravar os quadros de boca seca e ardor.

Como escolher o enxaguante bucal ideal para você. 

Já a clorexidina, apesar de sua alta eficiência na redução de bactérias, pode manchar os dentes e provocar alterações da gustação quando usada indiscriminadamente. Assim, para melhor adequação destes produtos, é sempre fundamental o acompanhamento odontológico.

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