Imagine a cena: você ficou sabendo que possui pequenas deformidades nos ossos faciais. Isso, por si só, já é motivo de pânico para muitos. Mas, após avaliação, o cirurgião-dentista especialista classifica o seu caso como cirurgia ortognática classe I.
E agora, o que isso significa? Será que é bom ou ruim? É justamente o que abordaremos neste artigo. Além de conhecer as especificidades desta classificação, você irá entender no que consiste a cirurgia ortognática, suas indicações e como ela é feita, entre outras questões.
Veja tudo que será abordado sobre o tema:
Cirurgia Ortognática Classe I, Classe II e Classe III
O que é a Cirurgia Ortognática Classe I
Em quais casos a cirurgia ortognática é necessária em pacientes classe I?
No que as cirurgias ortognáticas Classes II e III se diferenciam
O preparo para a cirurgia ortognática
Como o procedimento é feito
A multidisciplinaridade do tratamento
Um longo processo de recuperação
Cirurgia Ortognática Classe I: o menor dos problemas
O que você vai conferir!
Cirurgia Ortognática Classe I, Classe II e Classe III
Também conhecida por cirurgia de mandíbula, a cirurgia ortognática tem como um dos seus principais objetivos corrigir alterações de crescimento nos ossos da face.
Mas engana-se quem pensa que esta intervenção visa apenas restabelecer a harmonia facial.
O procedimento também tem papel fundamental no resgate da funcionalidade da mordida, entre outras questões que veremos adiante.
Neste primeiro momento, vamos falar um pouco sobre sua classificação. A cirurgia é dividida em três classes: Ortognática Classe I, Ortognática Classe II e Ortognática Classe III.
É muito comum que os pacientes com esse problema se perguntem em qual classe eles se encaixam e, principalmente, qual é a diferença entre elas.
Essa classificação serve basicamente para mostrar como as arcadas dentárias superior e inferior se relacionam uma com a outra e definir o tipo da intervenção cirúrgica.
É um termo que diz respeito mais ao cirurgião-dentista do que ao próprio paciente em si, mas vale a pena entender a diferença entre as três classes.
O que é a Cirurgia Ortognática Classe I
No caso da Cirurgia Ortognática Classe I, ela basicamente serve como referência para as outras duas.
Isso porque esta classificação indica o posicionamento correto da mandíbula e do maxilar, ou seja, justamente onde os pacientes das classes II e III querem chegar.
Entende-se por posição correta o devido encaixe entre a maxila e a mandíbula, ou seja, entre as bases ósseas. Mas isso não significa que elas devam apresentar uma oclusão perfeita.
Ou seja, que os dentes das arcadas dentárias de cima e de baixo se encontrem exatamente no mesmo lugar, como muitos acreditam.
Pelo contrário, o adequado é que os dentes superiores se fechem um pouco à frente dos inferiores.
Portanto, apesar de ser considerada uma classe ortognática, a cirurgia ortognática classe diz respeito aos procedimentos que visam alinhar os maxilares na posição correta.
Em quais casos a cirurgia ortognática é necessária em pacientes classe I?
Se você recebeu esta classificação, pode ficar tranquilo pois significa que seus dentes e mordida estão corretamente posicionados.
O que na maior parte das vezes descarta a necessidade de o paciente passar pela operação.
Contudo, em alguns casos, ainda assim, a intervenção cirúrgica é indicada para corrigir pequenas deformidades nos ossos faciais.
E, assim, melhorar o aspecto facial e restabelecer a respiração, mordida, mastigação, entre outras características funcionais.
Isso porque algumas imperfeições ósseas na parte de baixo da face podem acabar comprometendo os aparelhos funcionais ou a estética.
A boa notícia é que, entre as três classificações da cirurgia ortognática, essa é a que tem tratamento mais rápido.
Inclusive porque, na maior parte das vezes, dispensa a necessidade de uso do aparelho ortodôntico fixo antes da cirurgia, como acontece nas outras classificações.
De forma geral, as alterações da classe I têm origem hereditária ou surgem após traumas e afecções incertas.
Como, por exemplo, os danos causados por higiene inadequada, briquismo ou bruxismo, uso prolongado da chupeta ou hábito de chupar o dedo. Assim como os tumores da cavidade oral.
No que as cirurgias ortognáticas Classes II e III se diferenciam
Já a cirurgia ortognática classe II e a cirurgia ortognática classe III são indicações absolutas para a realização da intervenção cirúrgica.
De forma geral, o primeiro termo é utilizado para designar os casos em que os dentes da maxila ficam posicionados mais à frente do que o normal, o que acaba deixando o queixo retraído.
Já o segundo caracteriza o oposto: mandíbula projetada para frente, arcada dentária inferior à frente da superior e queixo prolongado.
Como essas alterações dizem respeito ao esqueleto da face e não aos dentes, elas não podem ser solucionadas apenas por meio do tratamento ortodôntico.
E é por isso que a cirurgia corretiva se faz necessária.
O preparo para a cirurgia ortognática
Antes de partir para a cirurgia ortognática, grande parte dos pacientes precisa passar por um tratamento ortodôntico.
Geralmente, eles ficam com o aparelho fixo por um período que vai de um a dois anos e não retiram o dispositivo nem mesmo durante o procedimento.
Pelo contrário, mesmo após a realização da cirurgia, o tratamento ortodôntico ainda costuma seguir por mais seis meses ou um ano.
Mas, conforme já mencionado anteriormente, isso não costuma acontecer entre os pacientes que se enquadram na cirurgia ortognática classe I.
A necessidade de remoção de dentes sisos também é avaliada e, se necessária, deve acontecer antes da cirurgia ortognática.
Importante destacar ainda que todo o procedimento cirúrgico é planejado previamente por meio de ferramentas virtuais que, inclusive, possibilitam visualizar os resultados da intervenção.
Como o procedimento é feito
Já a cirurgia ortognática acontece em ambiente hospitalar, sob anestesia geral, e costuma durar de duas a cinco horas, conforme a complexidade do caso.
O procedimento é realizado por um cirurgião especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais.
E visa, de forma geral, realizar as correções e alinhamentos necessários por meio da movimentação da base óssea.
Todo esse processo é realizado na parte de dentro da boca, portanto, não deixa nenhum tipo de cicatriz.
Além disso, ao contrário do que muitos pensam, a boca não precisa ficar “amarrada” para fixar os ossos. Isso acontece por meio de placas e parafusos de titânio.
De forma geral, a cirurgia ortognática costuma ser realizada em pacientes maiores de 17 anos. Isso porque, nesta fase, o processo de crescimento ósseo já chegou ao fim.
Por outro lado, em alguns casos o procedimento pode ser realizado antes disso. Como, por exemplo, quando o paciente possui deformidades severas que impactem na sua estética, autoestima e sociabilização.
Mas vale ressaltar que, neste caso, uma segunda cirurgia ortognática deve ser feita quando o desenvolvimento ósseo estiver concluído.
A multidisciplinaridade do tratamento
A cirurgia ortognática é um procedimento complexo que impacta diretamente na vida do paciente. Por isso, o mais recomendável é que uma atuação multidisciplinar seja priorizada.
Tanto para descartar todas as possibilidades de tratamento, antes de partir para o ato cirúrgico em si, e preparar o paciente para a cirurgia ortognática. Quanto para tornar o pós-operatório mais leve.
Além do ortodontista e do cirurgião especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais, costumam participar do tratamento profissionais como nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, otorrinolaringolista, entre outros. Com as mais diferentes formas de atuação.
O nutricionista, por exemplo, pode ajudar na orientação com a dieta do pós-operatório, que se mantêm líquida e pastosa por meses, em alguns casos. Inclusive para garantir a ingestão dos nutrientes necessários e impedir a perda excessiva de peso.
Já o fonoaudiólogo pode auxiliar a reintroduzir a alimentação sólida, quando necessário, além de trabalhar a musculatura perioral, mastigação, fala e até respiração.
Atualmente, alguns cirurgiões já contam com fisioterapeutas em suas equipes por considerarem primordial a atuação deste profissional no tratamento de edemas e tensão muscular, após a realização do procedimento.
Um longo processo de recuperação
Após a realização da cirurgia ortognática, o paciente ainda costuma permanecer no hospital por um ou dois dias.
Apesar de ser considerado um tempo curto, a recuperação tende a se prolongar por muitos meses.
Isso porque é muito comum que o repouso se estenda por mais de um mês e que o retorno às atividades aconteça de forma gradual.
O inchaço também não costuma passar rápido. Não é à toa que muitos cirurgiões fazem questão que o paciente realize um tratamento em paralelo com o fisioterapeuta.
O mesmo vale para a alimentação. Alguns pacientes passam meses consumindo alimentos apenas líquidos e sólidos.
De forma geral, o resultado final costuma ser alcançado em um prazo de seis meses a um ano, lembrando que nesse tempo a atuação de profissionais de outras áreas também pode se fazer necessária.
Cirurgia Ortognática Classe I: o menor dos problemas
Conforme você pôde ver nesse artigo, a cirurgia ortognática é indicada para solucionar discrepâncias ósseas, em especial da maxila, da mandíbula e do mento, região do queixo.
A técnica é dividida em três classificações, considerando a forma como as arcadas dentárias se relacionam.
A Cirurgia Ortognática Classe I, que é a que vimos mais detalhadamente no decorrer deste texto, representa a correta relação entre as bases ósseas.
Ou seja, pacientes classe I são aqueles cujos dentes e mordida estão corretamente posicionados, o que muitas vezes dispensa a necessidade de procedimento cirúrgico.
E, quando a Cirurgia Ortognática Classe I é realizada, tem o objetivo principal de corrigir o aspecto facial, o que torna o tratamento muito mais simples e rápido.