Você, certamente, já deve ter feito alguma aplicação de flúor na vida, já que este é um procedimento muito comum nas consultas odontológicas.
Mas a verdade é que o flúor não é uma substância que só pode ser encontrada no consultório do dentista.
Pelo contrário, este é um mineral que está mais presente no nosso dia-a-dia do que muitas vezes imaginamos.
Seja na água, nos alimentos ou nos produtos odontológicos que adotamos em nossa higiene bucal diária, a exemplo do creme dental.
Ainda assim, muitas pessoas ainda desconhecem a sua importância e papel na manutenção da saúde bucal. Inclusive, o flúor já foi até mesmo considerado vilão da saúde dos dentes.
Quem tem filho pequeno sabe que isso é verdade pois, com certeza, já se deparou com opiniões divergentes sobre o uso ou não do creme dental com flúor nos pequenos.
Este é um assunto que costuma gerar vários questionamentos. Como fazer a aplicação de flúor, para que serve e em quais casos o procedimento é indicado são alguns deles.
A boa notícia é que este artigo irá responder essas e outras perguntas sobre os benefícios e possíveis riscos da aplicação de flúor. Confira o que será abordado:
A aplicação de flúor como aliada da saúde bucal
Onde o flúor pode ser encontrado
Fluoretação das águas de abastecimento público
Para quem a aplicação de flúor é indicada
A aplicação de flúor na prática
Mantendo os efeitos da aplicação de flúor
Flúor também pode provocar prejuízos à saúde
O que você vai conferir!
A aplicação de flúor como aliada da saúde bucal
O flúor pode proporcionar uma série de benefícios para a saúde bucal, se aplicado com equilíbrio e por recomendação profissional.
O mais comum é que os pacientes busquem a aplicação de flúor para reduzir a progressão das lesões cariosas e evitar a evolução do quadro para infecções ou outros problemas dentários.
Contudo, ele também é adotado como um tipo de barreira para impedir o desgaste causado pelas substâncias ácidas da saliva e alimentação, sobretudo em crianças.
Quando consumimos itens que compõem uma dieta cariogênica, por exemplo, o esmalte dentário passa por contínuos processos de desmineralização e remineralização.
Esse processo, que leva o nome de DES-RE, é comum e fisiológico. Contudo, pode afetar a saúde dos dentes se houver algum desequilíbrio, como acentuada ingestão de açucares e falta de higiene bucal.
O flúor pode ser útil justamente nesses episódios de desmineralização, favorecendo a produção de minerais como o cálcio e, portanto, a remineralização do esmalte.
Isso possibilita que o indivíduo tenha dentes e ossos mais fortes, além de mais resistentes e protegidos à ação das bactérias nocivas à saúde bucal.
Portanto, diante do apresentado, é importante ressaltar que apesar da aplicação de flúor não curar a cárie, ela pode prevenir sua formação e impedir que a situação avance.
Onde o flúor pode ser encontrado
Apesar de a aplicação de flúor realizada pelo dentista ter maior concentração e efeito mais potente, existem outros locais onde este elemento químico pode ser encontrado.
A começar pelo creme dental, que é considerado um meio coletivo de obtenção de flúor, já que é utilizado diariamente pela população.
A grande maioria das marcas que encontramos no mercado, de uso geral, contam com esta substância, na concentração de 1000 ppm a 1500 ppm.
Também entram na lista os enxaguatórios bucais, que normalmente são compostos de fluoreto de sódio.
Essas soluções para bochecho costumam ser utilizadas diariamente, semanalmente ou quinzenalmente como complemento à escovação.
Não podemos esquecer ainda dos alimentos. Muitos deles estão presentes no nosso dia-a-dia, mas as vezes não nos damos conta da sua composição.
É o caso do arroz, do feijão, da cebola e do alho que são ricos em flúor, assim como os peixes e demais frutos do mar.
Fluoretação das águas de abastecimento público
Outra fonte de flúor bastante popular é a água encanada.
A fluoretação das águas de abastecimento público começou em 1945 e 1946, nos Estados Unidos da América e Canadá, justamente com o objetivo de prevenir a cárie dentária.
Após a comprovação de sua eficácia, o método passou a ser recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e por outras instituições mundiais de saúde.
Conforme admitido por dezenas de estudos brasileiros e internacionais, a eficácia da medida girava em torno de 60% de redução na ocorrência da cárie dentária.
Esta estatística foi apresentada, inclusive, no Guia de Recomendação para o Uso de Fluoretos no Brasil, publicado em 2009 pelo Ministério da Saúde.
No Brasil, a medida começou a ser adotada em 1953, mas só em 1975 é que a fluoretação das águas de abastecimento público se tornou obrigatória.
Apesar de se tratar de uma determinação para locais onde há Estação de Tratamento de Água (ETA), municípios que não contam com este recurso também são contemplados.
Para quem a aplicação de flúor é indicada
Agora que você já sabe o que é o flúor, seus benefícios e as principais formas de encontrá-lo, é hora de entender quando a aplicação de flúor em consultório odontológico é indicada.
Trata-se de um procedimento preventivo voltado, principalmente, para dentes com médio a alto risco de cárie dentária.
Importante destacar que é uma medida que não tem contraindicação de idade.
Isso significa que pode ser adotada até mesmo na primeira consulta do bebê com o odontopediatra, se o profissional constatar tal necessidade.
Lembrando que, diferente do que muitos pensam, a cárie em bebês existe sim e pode prejudicar a formação dos dentes permanentes.
Inclusive, a aplicação de flúor costuma ser mais frequente em crianças, sobretudo as que estão em idade escolar.
Isso porque elas tendem a apresentar uma alta ingestão de açúcar após os três anos de idade e nem sempre a higiene bucal é realizada de forma adequada e eficiente.
Mas também é um excelente recurso para adolescentes, adultos com perda óssea, retração gengival, raiz exposta e sensibilidade dentária, bem como idosos com problemas dentários.
E ainda para quem está no grupo de risco para a cárie, como gestantes, diabéticos, dependentes químicos, fumantes e pessoas com problemas hormonais.
A aplicação de flúor na prática
Conforme já mencionado anteriormente, a aplicação tópica conta com uma concentração mais alta de flúor.
E, por isso, deve ser realizada somente por um profissional capacitado, que é quem tem conhecimento sobre a dose adequada e segura para cada pessoa.
Para isso, fatores como idade, risco de cárie, nível de atividade das lesões, qualidade da dieta e da higienização bucal costumam ser considerados.
O procedimento é realizado no consultório odontológico, de forma prática e rápida, geralmente após exame clínico e profilaxia.
Apesar de o flúor ser aplicado diretamente sobre a superfície dentária, o paciente não sente qualquer tipo de dor ou desconforto.
Além da aplicação direta de verniz fluoretado, o procedimento também pode ser feito utilizando uma moldeira ajustável com gel ou espuma. Ou até mesmo por meio de bochechos.
Durante a aplicação de flúor, é preciso que substância fique em contato com os dentes por alguns minutos, conforme a recomendação do respectivo fabricante.
Mantendo os efeitos da aplicação de flúor
Mesmo após concluído o procedimento, é recomendável que o paciente evite ingerir alimentos e líquidos ou enxaguar a boca por pelo menos 30 minutos.
Isso para otimizar a absorção do flúor nos elementos dentários, sobretudo nos que já se encontram em início de descalcificação.
Geralmente, a aplicação tópica de flúor costuma ser indicada a cada seis meses, mas há casos em que a reaplicação se faz necessária após três ou doze meses.
Por isso, é importante seguir a orientação do profissional dentista, que também poderá indicar medidas extras de prevenção.
A manutenção também pode ser feita em casa, por meio do uso de creme dental, enxaguante bucal, ingestão de água fluoretada e alimentos ricos neste mineral.
Mas é preciso atenção ao risco de sobrecarga deste elemento químico, principalmente entre os bebês que ainda não conseguem cuspir o excesso do creme dental, por exemplo.
Apesar de a pasta de dente fluoretada ser recomendada já na primeira irrupção dentária, é preciso seguir a quantidade de um grão de arroz cru.
Nos casos em que a escovação do bebê é realizada por terceiros, a utilização de creme dental sem flúor pode ser indicada em alguma delas para não correr o risco de ultrapassar esse limite.
Flúor também pode provocar prejuízos à saúde
Apesar de os benefícios da utilização e aplicação de flúor serem inquestionáveis, essa substância pode sim acarretar problemas à saúde se utilizada em grande concentração, com alta frequência.
É por isso que, conforme já pontuado, a aplicação tópica deve ser realizada em consultório. O excesso da substância pode ser tóxico ao organismo e causar náuseas, diarreia, cansaço e suor excessivo.
O mesmo vale para a necessidade de monitoramento das escovações de bebês e crianças pequenas e para as recomendações acerca da quantidade ideal a ser utilizada.
Isso porque o excesso de flúor também pode causar a fluorose, manchas brancas que podem comprometer o desenvolvimento dos dentes permanentes e ocasionar outros problemas.
Além disso, a longo prazo, a superexposição ao flúor também pode contribuir com o enrijecimento das articulações e com o enfraquecimento ósseo, aumentando as chances de fraturas.
Portanto, a aplicação de flúor deve ser executada somente pelo dentista, profissional habilitado para definir a quantidade correta, conforme idade e quadro do paciente.