A relação entre chupar dedo e saúde bucal é algo que levanta uma série de questionamentos entre os pais.
Apesar de muitas vezes acharmos fofa a cena de um bebê chupando o dedo, há algumas questões por trás desse hábito que devem ser consideradas.
Como o dedo é mais resistente do que uma chupeta, por exemplo, ele acaba suportando um grau mais elevado de sucção.
E isso pode ocasionar as mais diferentes alterações bucais, seja nos dentes ou na mordida, bem como na fala, respiração, mastigação ou deglutição.
Por isso, é importante tomar alguns cuidados, como se atentar a idade certa de interromper este hábito, como conduzi-lo e a melhor hora de buscar tratamento.
Além dessas questões, este artigo também abordará as principais causas e consequências desta prática, que não é tão inofensiva quanto parece. Confira:
Chupar dedo e saúde bucal: fisiológico, mas preocupante
Até quando é normal o bebê chupar dedo?
Chupar o dedo pode ser sinal de fome
Uma forma de conforto psicológico
Chupar dedo e saúde bucal: as principais consequências
Descobrindo se a criança apresenta alguma alteração bucal
Como os pais podem ajudar a interromper o hábito
Chupar dedo e saúde bucal: tratamento multidisciplinar pode ser necessário
O que você vai conferir!
Chupar dedo e saúde bucal: fisiológico, mas preocupante
Você, com certeza, já deve ter visto aquela famosa imagem de ultrassonografia que mostra o bebê chupando o dedo, seja da mão ou do pé, ainda no útero.
Isso só comprova que chupar o dedo é algo natural, fisiológico e instintivo para esses pequenos seres.
É um reflexo que ajuda, inclusive, a fortalecer a musculatura responsável pelos movimentos de sucção, preparando-os para a amamentação.
Ou seja, faz parte do desenvolvimento físico, assim como do desenvolvimento emocional, da criança.
O polegar costuma ser o dedo mais adotado, contudo, existem crianças que preferem chupar o dedo indicador, ambos ou até mesmo os dedos dos pés.
Mas se é algo comum e esperado, por que tantos pais ainda se preocupam com este hábito?
A verdade é que ele não é tão inofensivo quanto parece, principalmente se não for abandonado na idade certa, conforme você verá a seguir.
Até quando é normal o bebê chupar dedo?
Uma pergunta muito comum entre os pais é até quando pode ser considerado normal o bebê chupar o dedo.
E, ainda, se o melhor é incentivá-lo a abandonar o hábito ou aguardar que o processo ocorra de forma natural.
Em alguns casos, este costume começa a ser deixado de lado após o início da introdução alimentar, já que o bebê começa a aprender a mastigar e deglutir os alimentos.
Contudo, conforme você verá mais adiante, chupar o dedo não está relacionado apenas à alimentação. Portanto, a situação pode se prolongar em outros casos.
Mas o esperado é que este hábito, que começa muitas vezes ainda dentro da barriga da mãe, seja abandonado antes da criança ingressar na pré-escola.
Alguns profissionais defendem, inclusive, que a sucção não nutritiva é tolerável somente até essa faixa etária, ou seja, até os quatro anos de idade.
Após este período, o ideal é que o hábito seja interrompido para evitar problemas na saúde bucal da criança.
Chupar o dedo pode ser sinal de fome
Antes de abordarmos os problemas que podem ser causados, é importante entendermos o que está por trás dessa prática.
Quando o bebê é ainda muito novinho, colocar o dedo ou até a mão na boca pode ser um dos primeiros indicativos de fome.
Esse é um sinal que costuma ajudar muito as mães de primeira viagem, principalmente as que amamentam.
Isso porque a recomendação dos órgãos de saúde é de que a amamentação aconteça em livre demanda, ou seja, toda vez que o bebê solicitar.
Mas como o bebê ainda não fala e este é um universo totalmente novo, pode bater aquela dúvida se está ou não na hora da mamada.
Neste caso, quando o sinal é interpretado da forma correta, pode inclusive evitar o choro do bebê, que já é considerado um sinal tardio.
Vale ressaltar que o aleitamento materno exclusivo tende a minimizar essa necessidade de sucção com o passar do tempo, já que ajuda a desenvolver a fase oral do bebê.
E que, diferente das chupetas e das mamadeiras, o dedo não causa confusão de bicos, uma dificuldade ocasionada por bicos artificiais que que pode levar ao desmame precoce.
Uma forma de conforto psicológico
Mas a fome não é o único significado desta prática, conforme já mencionado anteriormente. O hábito de sucção digital também tem significados psicológicos.
Esta é uma forma encontrada por muitos bebês maiores e crianças pequenas para regular suas emoções.
Principalmente aqueles que permanecem chorando por um longo tempo e não têm suas necessidades afetivas, ou até mesmo físicas, atendidas.
Neste caso, por exemplo, chupar o dedo pode ser sinônimo de carinho e aconchego, ou seja, uma espécie de conforto psicológico.
É muito comum, ainda, que esse hábito ganhe força após a perda de algum ente querido, a chegada de um irmãozinho ou até mesmo quando o bebê vai para a escolinha ou fica longe dos pais.
Chupar o dedo pode ser uma forma encontrada pelo bebê ou pela criança de se acalmar e se sentir mais tranquila, segura e protegida.
Não é à toa que muitas delas, inclusive, acabam pegando no sono com o dedo na boca.
Outra causa comum é o nascimento dos dentes. Chupar o dedo pode ser uma forma de coçar a gengiva ou até mesmo de aliviar o estresse comum nessa fase.
Chupar dedo e saúde bucal: as principais consequências
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que chupar dedo pode se tornar um risco para a saúde bucal quando acontece com frequência ou é sustentado por um longo prazo.
Se esta prática for prolongada após os quatro anos, por exemplo, pode sim acabar acarretando uma diversidade de problemas estéticos, fisiológicos, emocionais e até sociais.
Ou seja, quanto mais tempo a criança prosseguir com esse hábito, mais sérias serão as consequências e, provavelmente, mais complexo o tratamento.
E a gravidade da situação também irá depender de fatores como a posição do dedo na boca, a força e o tempo de sucção e se a prática persiste após a irrupção dos dentes permanentes ou durante o crescimento facial, por exemplo.
Confira alguns problemas que podem acontecer:
- Dentes permanentes desalinhados, mal posicionados, projetados para a frente, entre outras alterações
- Problemas de má oclusão, como mordida aberta, profunda ou cruzada, que deve ser tratada desde cedo
- Alterações no formato e profundidade do céu da boca
- Crescimento ósseo retardado ou deturpado
- Desequilíbrio da musculatura da face
- Arcada dentária deformada ou desalojada
- Deformidades ósseas, como do palato e demais regiões
- Dificuldades na fala
- Prejuízos na mastigação e na digestão dos alimentos
- A criança pode se tornar respiradora bucal ou passar a respirar tanto pelo nariz, quanto pela boca
- Problemas psicológicos, como dependência e infantilização no meio social
- Problemas funcionais e estéticos decorrentes da má oclusão
Descobrindo se a criança apresenta alguma alteração bucal
Conforme já apresentado, é preciso considerar a frequência com que a criança chupa o dedo, bem como sua idade e desenvolvimento dentário.
Contudo, as consultas regulares com o odontopediatra poderão ser úteis tanto no diagnóstico, quanto na prevenção, principalmente se realizadas na idade certa.
Ao acompanhar a saúde bucal da criança de perto, o profissional tem mais chances de avaliar a tempo se o hábito está ocasionando algum tipo de alteração bucal.
Isso permite que as devidas providências sejam tomadas o quanto antes, evitando a evolução do quadro e prevenindo o surgimento de problemas bucais mais sérios.
Neste caso, além do exame clínico, o profissional dentista poderá realizar radiografias e até mesmo moldes em gesso, para estudar sua oclusão.
A atuação do odontopediatra ainda pode ser útil para orientar os pais sobre a melhor hora de interromper esta prática e de que forma isso pode ser feito.
E, ainda, de familiarizar o bebê ou a criança com o atendimento odontológico, de forma divertida, e tornar qualquer tratamento muito mais fácil no futuro.
Como os pais podem ajudar a interromper o hábito
Em um primeiro momento, o aconselhável é tentar interromper essa prática sem qualquer tipo de intervenção.
Para isso, em primeiro lugar, é preciso observar em quais situações o bebê ou a criança recorre ao dedo.
Alguns pais investem em conversas sinceras com os filhos sobre os seus prejuízos, enquanto outros preferem ignorar a situação para não chamar atenção para o hábito e torná-lo ainda mais forte.
Existem casos ainda em que os familiares colocam soluções, ataduras, faixas, luvas, entre outros acessórios no dedo para auxiliar o processo, o que nem sempre é bem visto.
Se a criança estiver com ócio ou tédio, uma boa alternativa é ocupar seu tempo com atividades manuais, como pintura, massinha, etc.
Por outro lado, caso o hábito seja suspenso na época do nascimento dos dentes, uma autocorreção dos desvios da arcada dentária pode acontecer.
Caso nenhuma dessas opções funcione, um tratamento multidisciplinar pode ser necessário, o que não descarta a cooperação dos pais.
Chupar dedo e saúde bucal: tratamento multidisciplinar pode ser necessário
Assim como acontece com outras disfunções, os problemas ocasionados pelo hábito de chupar o dedo podem ser tratados de diferentes formas.
Para isso, uma série de fatores deve ser considerada, como idade do paciente, gravidade do caso e, sobretudo, o motivo pelo qual o bebê ou criança está chupando o dedo.
Um psicólogo, por exemplo, poderá ajudar a entender o que causa este hábito e trabalhar o estado emocional da criança, bem como seu grau de dependência.
Já o fonoaudiólogo avaliará se existe a necessidade de algum tipo de terapia reeducadora para corrigir o pressionamento da língua sobre os dentes, por exemplo.
Em casos de má oclusão, ainda pode ser necessária a atuação de um ortodontista.
Em algumas situações, inclusive, pode ser indicado o uso dos aparelhos mecânicos fixos no céu da boca, seja para dificultar a prática ou corrigir a mordida.
Isso significa que o ideal é procurar o odontopediatra para ele avaliar o caso e recomendar a melhor forma de tratar os impactos de chupar dedo na saúde bucal.