Se você é mãe, pai ou tem algum bebê ou criança pequena próxima de você, com certeza já deve ter escutado falar da cárie de mamadeira.
Trata-se de um problema relativamente comum na primeira infância, mas que muitas vezes é minimizado.
O que acaba causando sérios problemas e comprometendo, inclusive, a saúde bucal na fase adulta.
Neste artigo você vai entender quando e de que forma a cárie de mamadeira costuma surgir e como ela pode ser identificada.
Também serão abordados os riscos que este problema apresenta, como pode ser tratado e, sobretudo, prevenido.
Confira todos os pontos que serão apresentados:
Quando acontece a cárie de mamadeira
Cárie de mamadeira: um problema de rápida progressão
A culpa não é só da mamadeira
Cárie de mamadeira também acomete bebês em aleitamento materno?
Muita atenção aos sinais e sintomas
Prejuízos para toda a vida
Um tipo de tratamento para cada fase
Prevenir é o melhor remédio
O que você vai conferir!
Quando acontece a cárie de mamadeira
A falsa crença de que bebês não apresentam risco de desenvolver cáries ainda predomina entre muitas pessoas.
Isso se dá, principalmente, porque grande parte acredita que não é preciso se preocupar com os dentes de leite, pois logo eles serão substituídos. Mas não é bem assim que funciona.
A verdade é que, a partir da erupção do primeiro dentinho, o bebê já se torna vulnerável às doenças bucais, como a cárie, devido ao seu contato com o meio externo.
A cárie de mamadeira, por exemplo, é um problema que acomete justamente os dentes decíduos, popularmente conhecidos como dentes de leite.
Isso porque ela costuma acontecer em bebês e crianças de até cinco anos de idade, aproximadamente, principalmente as que se encontram em aleitamento.
Mas isso não significa que as fórmulas lácteas ou até mesmo o leite materno são os vilões da saúde bucal infantil.
O problema vai muito além disso e não é à toa que ele recebe o nome de cárie de mamadeira, conforme você verá a seguir.
Cárie de mamadeira: um problema de rápida progressão
Também conhecida como cárie precoce da infância ou cárie da primeira infância, a cárie de mamadeira é resultado do consumo frequente de bebidas adocicadas, associado à higienização inadequada.
É um problema que também está diretamente relacionado ao fato de deixar o bebê dormir enquanto ingere líquidos açucarados, principalmente durante a noite.
Quem tem ou convive com algum bebê, sabe o quanto é comum eles adormecerem mamando, seja no peito ou na mamadeira.
Não é à toa que, na maior parte das vezes, as mamadas fazem parte dos rituais de sono.
E o problema está justamente aí. Quando o bebê ou a criança ingere esse tipo de líquido e a escovação não é realizada, o açúcar fica muito tempo em contato com os dentes e gengiva.
Nessa hora, as bactérias nocivas que vivem na nossa cavidade bucal entram em ação.
Elas se acumulam e passam a produzir ácidos e outras substâncias que corroem o esmalte dentário e deterioram a superfície e camadas mais internas dos dentes.
À noite, a situação é ainda pior porque há uma queda na produção de saliva, o que consequentemente compromete a proteção natural da boca.
A cárie de mamadeira é um problema que costuma progredir rapidamente, sobretudo nos dentes anteriores e posteriores, que são os que têm mais contato com o líquido ingerido.
A culpa não é só da mamadeira
Mas, conforme mencionado anteriormente, os leites não são os únicos responsáveis pela cárie de mamadeira.
Existem sim leites artificiais com maior teor de açúcar, por isso, a importância de consultar o pediatra e analisar a ordem dos ingredientes descritos no rótulo, o que determina sua predominância.
Os compostos lácteos, por exemplo, apesar de muitas vezes terem rótulos bastante parecidos com as fórmulas infantis e serem adotados por conta do valor mais acessível, são diferentes em sua composição.
Tratam-se de produtos ultraprocessados, resultantes da mistura de leite (no mínimo 51%) e outros ingredientes lácteos ou não lácteos que costumam conter açúcar e aditivos alimentares.
Ou seja, o perigo está em qualquer líquido açucarado, inclusive achocolatados, chá com mel ou açúcar, sucos industrializados, refrigerantes, entre outros.
Além disso, até mesmo alguns medicamentos, como xaropes e antibióticos, podem favorecer a aparição deste tipo de cárie. Isso porque eles costumam ser adocicados para melhor aceitação.
Importante destacar ainda que, apesar de receber esse nome, a cárie de mamadeira também pode acontecer em virtude do uso de chupeta embebida em solução açucarada.
Portanto, além de evitar ao máximo o consumo de açúcar entre bebês e crianças, é preciso investir pesado na escovação para preservar a saúde bucal.
Cárie de mamadeira também acomete bebês em aleitamento materno?
Uma questão que divide opiniões e costuma gerar muita polêmica é a possibilidade de o leite materno também causar cáries.
Alguns profissionais defendem que esse risco existe, principalmente em casos de livre demanda, amamentação noturna ou prolongada.
E muitas vezes acabam recomendando o desmame noturno, alegando que o leite materno também contém açúcares em sua composição.
Por outro lado, já existem estudos que comprovam que o açúcar presente no leite materno não é capaz de deixar o pH da boca ácido o bastante para a proliferação das bactérias.
Geralmente a cárie é associada à amamentação, mas é ocasionada pelo consumo de doces, guloseimas, embutidos e, principalmente, pela falta de higienização correta.
Muita atenção aos sinais e sintomas
Muitas vezes a cárie de mamadeira pode ser imperceptível e não apresentar qualquer tipo de sintoma em sua fase inicial. Por isso, a importância de manter consultas regulares com um odontopediatra.
É importante observar a aparição de manchas brancas na superfície do elemento dentário. Este costuma ser o primeiro sinal de desmineralização do esmalte.
A cárie de mamadeira costuma acometer mais os dentes da frente, mas isso não significa que os dentes de traz também não podem ser atingidos.
Quando o problema não recebe o devido tratamento, manchas escuras podem surgir e indicar a progressão da lesão cariosa.
Se a cárie de mamadeira afeta a dentina, a camada abaixo do esmalte dentário, o bebê pode começar a sentir dores e desconfortos.
Mudanças no comportamento da criança, como irritabilidade, falta de apetite e inquietação, também podem indicar algum dano.
Outros sintomas que podem surgir são febre, mau hálito, bem como inchaço, vermelhidão e sangramento da gengiva.
Em estágios mais avançados, até mesmo cavidades são esperadas.
Prejuízos para toda a vida
A cárie de mamadeira não é inofensiva como muitos pensam. Pelo contrário, dependendo da sua progressão, ela pode inclusive prejudicar a formação dos dentes permanentes.
Em casos mais graves, por exemplo, pode ocorrer a perda prematura dos dentes de leite, que atuam como moldes para os permanentes se posicionarem.
Quando essa base para a dentição definitiva é afetada, dentes desalinhados ou danificados podem ser esperados na fase adulta.
Mas a cárie de mamadeira também pode comprometer significativamente a saúde bucal e a qualidade de vida durante a infância.
Seja pelas dores e desconfortos ocasionados pelo problema, que podem impactar nas atividades cotidianas, como alimentação, sono, lazer e rendimento escolar.
Ou até mesmo pelo risco de evoluir para um quadro inflamatório e ocasionar alterações na mastigação, fala, respiração e desenvolvimento dos dentes.
Um tipo de tratamento para cada fase
O tratamento para a cárie de mamadeira é similar ao protocolo utilizado em adultos com cárie. A diferença é que a odontopediatria cuida dos dentes de um jeito feliz e divertido.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que uma série de fatores podem influenciar no tipo de procedimento a ser realizado.
Entre eles, estão idade e saúde geral do paciente e, sobretudo, gravidade do caso. Isso significa que quanto mais cedo for tratado, menos extenso e invasivo será o tratamento.
No estágio inicial, por exemplo, pode ser adotada aplicação de flúor ou verniz fluoretado para reconstrução do esmalte dentário.
E também indicadas alterações na dieta, como evitar alimentos e bebidas açucaradas, ácidas e cítricas.
Algumas mudanças de também costumam ser necessárias, como reforçar a higienização após as mamadas, colocar apenas água na mamadeira, etc.
Já quando há algum quadro de inflamação ou a cárie estiver extensa, podem ser indicados procedimentos como canal, restauração e até mesmo extração.
Em alguns deles, inclusive, pode ser recomendável submeter o bebê ou a criança à sedação, a depender do tipo de tratamento e de sua idade e nível de resistência.
Prevenir é o melhor remédio
Como prega aquele famoso ditado popular, “prevenir é melhor que remediar”. E a boa notícia é que a cárie de mamadeira pode ser evitada por meio da adoção de simples hábitos.
Confira alguns deles:
- Levar o bebê ao odontopediatra na idade certa para limpeza, aplicação de flúor, se necessário, e sobretudo acompanhamento da saúde bucal;
- Iniciar a escovação assim que o primeiro dente surgir, utilizando pasta de dente fluoretada na quantidade de um grão de arroz cru, inicialmente;
- Utilizar fio dental pelo menos uma vez ao dia, principalmente em bebês que têm dois ou mais dentes encostados;
- Evitar o consumo de alimentos e líquidos adocicados até os dois anos de idade;
- Mesmo após os dois anos de idade, não permitir que o consumo de açúcar seja frequente ao longo do dia e principalmente à noite;
- Realizar a higienização bucal após as refeições e depois da última mamada do dia, sobretudo antes de dormir;
- Não permitir que a criança vá para o berço ou para a cama com a mamadeira, para evitar que ela acabe dormindo sem escovar os dentes;
- Ajustar a rotina do bebê, para evitar que a criança se alimente durante a madrugada;
- Evitar passar mel ou qualquer substância adocicada na chupeta;
- Aproveitar a introdução alimentar para já começar a incentivar o uso de copo;
- Investir em uma alimentação saudável e equilibrada e reduzir o consumo de itens que compõem uma dieta cariogênica.