Muitos pais, quando ouvem falar da sedação infantil na odontologia, logo enxergam uma luz no fim do túnel.
Principalmente se o filho é tido como resistente, rebelde ou até mesmo ansioso. E, por conta disso, acaba se comportando de forma inadequada no consultório odontológico.
Ou até mesmo pensando em poupá-lo de uma experiência traumática com o profissional dentista.
Mas a verdade é que a sedação infantil na odontologia não é um assunto tão simples, como parece.
Pelo contrário, se não realizada de forma adequada e por um profissional experiente, pode ocasionar sérios riscos para a saúde da criança.
Neste artigo, você vai descobrir em quais casos a sedação em odontopediatra é indicada, quem pode ou não realizar e recorrer à esta técnica, os riscos e muito mais.
Veja todos os pontos que serão abordados sobre o assunto:
O papel da sedação infantil na odontologia
Em quais casos a sedação infantil na odontologia é indicada?
O tipo de sedação mais utilizado na odontopediatria
Há risco de eventos adversos e isso não pode ser ignorado
Garantindo a segurança da sedação infantil na odontologia
Alguns cuidados que os pais podem tomar
Qualquer dentista pode realizar a sedação infantil na odontologia?
Prevenção e manejo de comportamento devem ter prioridade
O que você vai conferir!
O papel da sedação infantil na odontologia
A sedação infantil na odontologia visa, acima de tudo, diminuir o medo ou resistência da criança em relação aos procedimentos odontológicos.
E, assim, aumentar sua cooperação para que o profissional dentista consiga realizar o trabalho da melhor forma.
Muitas vezes isso não é possível porque a criança já chega no consultório com medo, apreensiva e resistente e assim permanece por toda a consulta. O que dificulta a atuação do odontólogo.
Em contrapartida, quando sedada, ela se mantém calma e relaxada, sem a necessidade de que sua consciência seja retirada.
E, com isso, acaba se sentindo mais confortável, tranquila e segura para a realização do procedimento.
Em quais casos a sedação infantil na odontologia é indicada?
A sedação infantil não faz parte da rotina odontológica e nem deve ser a primeira opção de tratamento.
O ideal é que todas as opções de procedimentos, que não utilizem esse recurso, sejam esgotadas antes de se pensar na sedação.
Geralmente, ela é indicada em casos de procedimentos cirúrgicos, intervenções que demandam um maior tempo de execução, tratamento de canal ou de abscesso e extração dentária.
A sedação também pode ser uma alternativa para pacientes que não conseguem realizar o tratamento odontológico de outra forma.
Como, por exemplo, os que apresentam algum comprometimento físico ou psicológico ou que têm fobia.
Importante ressaltar que este recurso não é indicado para crianças muito pequenas, com até três anos de idade.
E até os seis anos de idade, aproximadamente, há um risco aumentado de efeitos adversos.
O tipo de sedação mais utilizado na odontopediatria
A sedação pode ser realizada de diferentes formas, seja por meio da ingestão de sedativo líquido, inalação de gás hilariante ou até mesmo via intravenosa.
Mas, na odontopediatria brasileira, o mais comum é a analgesia relativa e sedação consciente, com uso da mistura de óxido nitroso e oxigênio.
Trata-se de uma técnica de sedação que ocasiona uma diminuição mínima da consciência e não costuma apresentar riscos de efeitos adversos.
Isso porque a respiração do paciente é mantida por seus próprios meios e ele continua sendo capaz de responder aos estímulos físicos e verbais.
Conforme já pontuado anteriormente, o objetivo é provocar uma sensação momentânea de bem-estar e felicidade no paciente, sem tirar sua consciência, para que o tratamento seja realizado com mais facilidade.
Além de ocasionar uma leve perda da noção de tempo. Mas a técnica pode não funcionar em crianças muito ansiosas, imaturas, com dificuldades de comunicação ou com problema respiratório.
Há risco de eventos adversos e isso não pode ser ignorado
Apesar de não ser muito comum, os riscos existem, principalmente quando se trata da sedação moderada ou profunda. E, portanto, não podem ser ignorados.
A maior preocupação está relacionada à possibilidade de a criança acabar passando para um nível mais profundo de sedação do que o almejado.
Se isso acontecer, a situação não for rapidamente identificada e o paciente permanecer assim por um tempo considerável, as vias áreas podem se obstruir e a criança ter uma parada cardiorrespiratória.
Mas esse tipo de coisa só costuma acontecer, de fato, caso a criança se torne muito sedada, por algum motivo.
Há que se considerar que as mais novas, por exemplo, por conta da pouca idade, têm uma via aérea menor e não contam com uma grande reserva de oxigênio no sangue.
Além disso, algumas crianças podem apresentar uma maior vulnerabilidade, como as que têm sobrepeso, obesidade ou problemas de desenvolvimento.
Mas, de forma geral, não é preciso ter medo. No Brasil, as sedações não costumam ser elevadas. E, se realizada da forma correta, a sedação é sim segura.
Garantindo a segurança da sedação infantil na odontologia
Em primeiro lugar, é muito importante que o profissional dentista realize alguma formação específica na área de sedação.
No Brasil, inclusive, conforme veremos mais adiante, esta é uma exigência do Conselho Federal de Odontologia para torná-lo habilitado para esta atividade.
Além de ser capaz de escolher o tipo de sedação mais indicado para cada caso, o odontólogo precisa realizar o monitoramento da sedação adequadamente e, sobretudo, saber lidar com possíveis emergências.
O ideal é que um profissional qualificado, além do dentista, acompanhe todo o procedimento para acompanhar de perto o nível de pulso e oxigênio do paciente e, assim, evitar complicações.
Nos casos em que há indicação de sedação profunda ou de anestesia geral, a administração deve ser realizada por um anestesista qualificado.
E, preferencialmente, em um ambiente hospitalar, que têm todo o suporte para atender possíveis emergências, de forma rápida e eficaz.
Alguns cuidados que os pais podem tomar
Se o profissional dentista disser que seu filho precisa de uma sedação infantil na odontologia, primeiramente questione a real necessidade e tente entender o porquê desta indicação.
É importante conversar com o odontólogo para averiguar se realmente não existem outras alternativas de tratamento menos invasivas e arriscadas.
Se ele disser que não, é importante checar qual tipo de sedação será realizada, o nível pretendido e os possíveis riscos.
E, sobretudo, de que forma este profissional está preparado para atender possíveis intercorrências.
Em alguns casos também, principalmente se for indicada a sedação profunda ou geral, pode ser recomendável procurar uma segunda opinião.
Isso para ter a certeza de que todas as alternativas foram esgotadas.
Qualquer dentista pode realizar a sedação infantil na odontologia?
Segundo a resolução nº 51/2004, do Conselho Federal de Odontologia, somente estão habilitados a aplicar analgesia relativa ou sedação consciente o cirurgião-dentista que passar por uma formação nesta área.
Além do curso ter sido autorizado pelo CFO e ser ministrado por Instituição de Ensino Superior ou Entidade da Classe devidamente registrada na autarquia, sua carga horária mínima deve ser de 96 horas/aluno.
O conteúdo programático deverá apresentar as seguintes matérias:
- História do uso da sedação consciente com óxido nitroso
- Introdução à sedação
- Emergências médicas na clínica odontológica e treinamento em suporte básico de vida (teórico-prático)
- Dor e ansiedade em Odontologia
- Anatomia e fisiologia dos sistemas nervoso central, respiratório e cardiovascular
- Avaliação física e psicológica do paciente
- Monitoramento durante a sedação
- Farmacologia do óxido nitroso
- A técnica de sedação consciente com a mistura de oxigênio e óxido nitroso
- Equipamento de dispensação da mistura de oxigênio e óxido nitros
- Segurança no manuseio do equipamento e dos gases
- Vantagens e desvantagens da técnica
- Complicações da técnica
- Abuso potencial, riscos ocupacionais e efeitos alucinatórios do óxido nitroso
- Adequação do ambiente de trabalho
- Normas legais, bioética e recomendações relacionadas com o uso da técnica de sedação consciente com a mistura de oxigênio e óxido nitroso
- Prontuário para o registro dos dados da técnica de sedação consciente com a mistura de oxigênio e óxido nitroso
- Entre outras
Uma avaliação teórico-prática também precisa ser realizada ao final do curso. Com o certificado em mãos, o profissional dentista deverá requerer seu registro e sua inscrição de habilitado no CFO e no Conselho Regional de Odontologia onde possui inscrição.
Prevenção e manejo de comportamento devem ter prioridade
Não é novidade para ninguém que “prevenir é a melhor forma de remediar”. Por isso, o ideal é que os pais acompanhem de perto a escovação do bebê ou da criança, que tem um importante papel na saúde bucal.
E, inclusive, invistam nas consultas regulares com o profissional dentista, para evitar o aparecimento de alterações orais, sobretudo as que demandam grandes intervenções de tratamento, e manter a saúde bucal em dia.
Lembrando que o odontopediatra é o profissional especializado na prevenção, diagnóstico, tratamento e controle de problemas bucais em bebês, crianças e até adolescentes. Portanto, não há ninguém melhor para atender este público.
Isso porque esse tipo de profissional costuma ter uma abordagem mais adequada com os pequenos, inclusive por meio de abordagens psicológicas e técnicas não farmacológicas de manejo do comportamento.
Não é à toa que o ambiente do consultório odontológico é todo adaptado para melhor receber seu público-alvo. Seja por meio de um ambiente colorido e repleto de brinquedos e desenhos animados.
Ou através das atividades educativas lúdicas, como as que demonstram a escovação em bonecos e pelúcias. Mas, sobretudo, pela atenção do odontopediatra com o controle de voz, comunicação não verbal, reforço positivo, elogios e métodos de distração, entre outras coisas.
Apesar de serem questões aparentemente simples, são condutas muito bem pensadas para fazer com que o bebê e a criança se reconheça e se sinta compreendida, acolhida e segura.
O que pode contribuir, diretamente, para a redução e até eliminação do medo e da ansiedade. E, aos poucos, resultar em um comportamento mais apropriado e cooperativo por conta da relação de confiança construída.
Isso, consequentemente, deverá minimizar a necessidade de sedação infantil na odontologia, principalmente em crianças com pavor e fobia.