Você já ouviu falar de enxerto gengival? Trata-se de um procedimento cirúrgico na área da odontologia que visa corrigir falhas anatômicas e estéticas, inclusive as mais complexas.
Ele também é bastante adotado para tratar casos severos de retração gengival, por exemplo, com o intuito de reparar a área danificada e ajudar a prevenir as mais sérias complicações.
Neste artigo, você vai entender como funciona essa cirurgia, que pode ser realizada por meio de diferentes técnicas e tipos de tecido.
Além de conhecer as principais indicações para este procedimento, suas vantagens e como acontece a recuperação e pós-operatório.
Veja tudo que será abordado sobre o assunto:
O que é o enxerto gengival
Causas e sinais da retração de gengiva
Outras indicações para o enxerto gengival
As vantagens do procedimento
As três técnicas de enxerto gengival
-Enxerto gengival de tecido conjuntivo
-A técnica livre
-Enxerto gengival pediculado
Qual é a melhor técnica?
Que tipo de tecido é utilizado no enxerto de gengiva?
Como é a recuperação
Cuidados no pós-operatório são determinantes para o sucesso da cirurgia
O que você vai conferir!
O que é o enxerto gengival
O enxerto gengival é uma técnica cirúrgica odontológica relativamente simples, mas um tanto delicada e com pós-operatório um pouco limitante.
De forma geral, o procedimento consiste em retirar um pedaço de gengiva de determinadas áreas da cavidade bucal para recobrir outra região que está exposta.
Isso tanto com objetivos estéticos, quanto funcionais. Mas essa não é a única forma de realizá-lo, conforme veremos mais adiante.
Pelo contrário, há diferentes técnicas para se executar a operação, que costuma ser mais indicada para o tratamento de casos severos de retração gengival.
Portanto, antes de abordarmos os detalhes deste procedimento, vale a pena entender melhor no que consiste essa alteração bucal.
Causas e sinais da retração de gengiva
A retração de gengiva, também conhecida por recessão gengival, é causada principalmente por conta de uma higiene bucal inadequada.
Seja realizada superficialmente, o que pode resultar em um acúmulo de placa bacteriana e em doenças periodontais, ou também com força excessiva.
Mas outros fatores também podem contribuir para seu desenvolvimento. Como, por exemplo, predisposição genética, alterações hormonais, diabetes e doenças com risco aumentado de infecção gengival.
Além da força exercida nos dentes durante a escovação, a pressão ocasionada pelo briquismo ou bruxismo e por dentes desalinhados também pode aumentar o risco da retração gengival.
O mesmo vale para fumantes e para pessoas com piercing na língua ou no lábio, já que este acessório pode acabar causando atrito, irritação e empurrando o tecido gengival.
Além de alguns dentes parecerem maiores, é comum que a retração gengival seja identificada por vermelhidão, inchaço, sangramento, mau hálito e sensibilidade dentinária.
Isso porque a margem da gengiva se descola em direção ao ápice da raiz do dente, deixando-a mais exposta e vulnerável.
Outras indicações para o enxerto gengival
Além de corrigir a recessão gengival, a cirurgia com enxerto gengival também é indicada em outras circunstâncias. Confira algumas delas:
- Em pacientes com dentes ausentes, ajuda na reconstrução da respectiva arquitetura gengival
- Nas regiões em contato com próteses dentárias fixas, pode aumentar o volume da gengiva
- Correção de falhas estéticas e funcionais mais complexas, inclusive em tratamentos com próteses, laminados cerâmicos e implantes
- Atua na prevenção da recessão tecidual, sobretudo em pacientes com gengiva fina
- Reparação de falhas anatômicas e estéticas causadas por perdas ósseas
- Tratamento de gengivas acinzentadas e escurecidas
- Aprimoramento estético nos mais diferentes procedimentos, tais como cirurgia plástica gengival, próteses, laminados, lentes de contato, facetas
- Diminuição da retenção de placa bacteriana
- Entre outros
As vantagens do procedimento
No caso da retração, o enxerto gengival possibilita o recobrimento do tecido das raízes expostas dos dentes, ajudando assim a interromper este processo e conter o avanço da doença.
Bem como evitar perdas mais graves de tecido gengival ou até mesmo infecções, reduzir a sensibilidade dentária, proteger as raízes dentárias e também melhorar a estética do sorriso.
A técnica de cirurgia com enxerto gengival também é vantajosa por conta dos seus resultados duradouros.
Assim como pelo pós-operatório relativamente tranquilo e, consequentemente, pelo baixo risco de complicação
As três técnicas de enxerto gengival
O enxerto de gengiva é realizado, basicamente, por meio de três técnicas: tecido conjuntivo, livre e pediculado. Confira os detalhes sobre cada uma delas:
-Enxerto gengival de tecido conjuntivo
Esta técnica é a mais indicada para tratamento do aumento do volume gengival e da exposição da raiz.
Assim como para eliminar diferenças de coloração nas gengivas e reduzir riscos para cicatrizes teciduais visíveis. Pode ser utilizada para tratar uma ou mais áreas retraídas.
Neste caso, remove-se um pedaço da parte profunda da gengiva, conhecida como tecido conjuntivo subepitelial, geralmente do céu da boca.
Essa camada é posicionada e estabilizada, através de pontos, sobre a área exposta da raiz. E, em seguida, a camada superficial do local de origem é reposicionada e suturada.
-A técnica livre
A técnica de enxerto gengival livre é parecida com a de tecido conjuntivo, inclusive no que diz respeito à região doadora do enxerto, que também costuma ser o palato.
Contudo, neste caso, utiliza-se a camada mais superficial da gengiva para o recobrimento radicular, geralmente de áreas mais distantes do local receptor.
É mais indicada para o recobrimento da raiz sem ganho de volume gengival, sobretudo em áreas que não têm uma grande visibilidade, mas que demandam maior extensão e volume.
Isso porque, neste caso, é mais esperado que surjam cicatrizes na gengiva ou que sua coloração fique diferente.
-Enxerto gengival pediculado
Já o enxerto de gengiva pediculado utiliza o tecido adjacente ao dente que precisa de reparação.
Neste caso, o profissional realiza pequenas cortes na área mais superficial e epitelial da gengiva, próximo à região que será tratada.
O enxerto é concluído por meio da rotação e deslocamento do tecido, que recobre a parte da raiz que está exposta.
É uma técnica mais indicada para pequenos recobrimentos de raiz.
Qual é a melhor técnica?
Diante dessas diferentes opções, é muito comum as pessoas se perguntarem sobre qual é a melhor técnica a ser realizada.
Mas a verdade é que essa escolha deve ser feita exclusivamente pelo profissional especialista em periodontia.
Ele irá avaliar a necessidade do paciente, o número de dentes, o biotipo gengival, entre outras questões, antes de tomar sua decisão.
De forma geral, o enxerto de gengiva de tecido conjuntivo é a versão mais adotada, inclusive pelo fato de apresentar menos riscos de falhas.
Assim como garantir um pós-operatório mais tranquilo, já que se utiliza a camada interna da gengiva.
Importante destacar, ainda, que pode acontecer de o profissional perder o enxerto gengival durante o procedimento.
Neste caso, a cirurgia deve ser repetida em questão de meses, após cicatrização.
Que tipo de tecido é utilizado no enxerto de gengiva?
O mais comum é que o tecido gengival enxertado seja proveniente do próprio paciente, técnica que leva o nome de autógena.
Neste caso, é muito frequente que os profissionais recorram à região do palato, popularmente conhecida como céu da boca.
Isso porque é uma área que oferece uma disponibilidade satisfatória de tecido, tanto em quantidade, quanto qualidade.
Mas também podem ser utilizados tecidos das regiões posteriores da maxila e mandíbula. Assim como tecidos humanos doados.
Outros materiais são os enxertos biossintéticos e sintéticos, que são obtidos através de processos industriais de fabricação.
Apesar de serem antigos e utilizados em dentes com gengivas retraídas, alguns profissionais defendem a necessidade de melhorias para tratamentos que demandam volume gengival.
Fora do país, ainda se utiliza o enxerto de origem animal, uma membrana conjuntiva obtida a partir de fontes animais modificadas.
Mas apesar desta técnica dispensar a necessidade de realização de cirurgia para retirar o tecido do próprio paciente, ela também costuma ter resultado inferior e ser mais cara.
Como é a recuperação
A recuperação do paciente que passa por uma cirurgia de enxerto gengival vai depender de uma série de fatores, como local, extensão, tipo de procedimento, entre outras.
De forma geral, dores de baixa intensidade e desconforto na área da coleta podem surgir nos primeiros dias. Assim como edema e vermelhidão local.
Geralmente, espera-se que em um intervalo de três semanas as alterações inflamatórias locais já estejam imperceptíveis.
E que dentro de 45 dias mal se perceba que o paciente passou por um procedimento cirúrgico.
Contudo, muitos profissionais recomendam aguardar 120 dias para realizar alguns procedimentos.
Como, por exemplo, a colocação de lentes de contato dental e facetas dentárias laminadas. Isso porque ambos exigem maturação tecidual e estrutural concluída.
Cuidados no pós-operatório são determinantes para o sucesso da cirurgia
Por mais que a cirurgia de enxerto gengival seja relativamente simples, não deixa de ser um procedimento delicado.
O que, portanto, demanda cuidados especiais por parte do paciente, após sua realização. Como, por exemplo, evitar movimentar e tocar o local.
Isso inclui, inclusive, algumas limitações na higienização bucal nos primeiros dias, principalmente no local operado, o que requer uso de enxaguatório bucal como aliado.
Além disso, o uso de analgésico costuma ser indicado nas primeiras 24 ou até 48 horas para aliviar qualquer sensação de dor que possa vir a surgir.
Nos primeiros dias, o paciente também deve manter uma dieta líquida, evitando sobretudo o consumo de alimentos duros nas duas primeiras semanas.
Alguns profissionais também costumam recomendar repouso e afastamento das atividades na primeira semana.
Neste período, o inchaço e vermelhidão causados pela cirurgia de enxerto gengival costumam melhorar significativamente.