Se você tem problemas de má oclusão por conta de deformidades que envolvem os ossos e os dentes e o profissional dentista classificou seu caso como Cirurgia Ortognática Classe II, provavelmente deve estar querendo entender o que isso significa e como funciona na prática.
E é justamente sobre isso que falaremos neste artigo: como se dá esse problema, que é considerado o tipo de má oclusão mais frequente entre os brasileiros, e como corrigi-lo, entre outras questões.
Veja tudo que será abordado sobre o assunto:
Cirurgia Ortognática Classe II: uma das três classificações
Sinais de que o paciente se enquadra na Cirurgia Ortognática Classe II
As deformidades ósseas da Cirurgia Ortognática Classe II
E o que significa as Classes I e III?
Quando e com qual profissional realizar o procedimento
Como a cirurgia ortognática é feita
O pré e o pós-operatório
Atuação multidisciplinar no tratamento
As melhorias não são apenas estéticas
O que você vai conferir!
Cirurgia Ortognática Classe II: uma das três classificações
Para quem não sabe, a cirurgia ortognática é um procedimento estético-funcional que se apresenta como solução definitiva para a assimetria óssea.
Seu principal objetivo é corrigir o posicionamento da arcada dentária superior, que leva o nome de maxila, e da inferior, conhecida como mandíbula.
A técnica é dividida em três classificações: Cirurgia Ortognática Classe I, Cirurgia Ortognática Classe II e Cirurgia Ortognática Classe III.
Entenda o que é a Cirurgia Ortognática Classe I
Este é um termo mais utilizado pelo profissional dentista, com o intuito de categorizar a situação em que o paciente se encontra e seu perfil.
Essa classificação serve basicamente para mostrar como as arcadas dentárias se relacionam uma com a outra e definir o tipo da intervenção cirúrgica que será executada.
Sinais de que o paciente se enquadra na Cirurgia Ortognática Classe II
As deformidades esqueléticas que demandam a necessidade de realização da cirurgia ortognática afetam diretamente a aparência do paciente.
No caso dos que se enquadram na Cirurgia Ortognática Classe II, uma das principais desarmonias que permitem reconhecê-lo é a sensação de “queixo para trás”.
Essa alteração passa a impressão de que o queixo está junto ao pescoço ou de que a pessoa não tem queixo, já que não há aquela curvatura esperada, diante do seu perfil facial mais convexo.
Também há casos em que o indivíduo fica com uma grande parte da gengiva exposta, principalmente ao sorrir, situação que leva o nome de sorriso gengival.
Isso acaba dando a sensação de que os dentes do paciente também são maiores. Ainda pode acontecer de o nariz se apresentar de forma mais avantajada.
Importante lembrar que as alterações podem variar de paciente para paciente, tendo em vista que também existem variações na Cirurgia Ortognática Classe II.
Isso significa que você e um amigo podem se enquadrar nessa mesma classificação, mas apresentarem problemas diferentes, conforme veremos a seguir.
As deformidades ósseas da Cirurgia Ortognática Classe II
De forma geral, as alterações que apontam para a Cirurgia Ortognática Classe II, também conhecida por retrognatismo mandibular, podem ser percebidas a partir do posicionamento dos molares, caninos ou de ambos.
Neste caso, a arcada dentária superior costuma se apresentar mais à frente do que deveria, em relação à arcada dentária inferior.
O que significa que a maxila cresceu além do esperado e, por isso, acabou se projetando para frente ou até mesmo para baixo, em alguns casos, e empurrando a mandíbula para trás.
O oposto também pode acontecer: a maxila até está na posição correta, mas a mandíbula se mantém bem mais atrás do que o esperado.
Neste caso, o osso da arcada dentária inferior não se desenvolveu o bastante para se projetar mais à frente.
Lembrando que essas alterações podem se apresentar tanto de forma isolada, quanto combinada. Ou seja, alguns pacientes podem ter problemas nas duas arcadas.
Outra questão que vale destacar é que esta discrepância pode se mostrar de diferentes formas, seja significativamente ou em níveis mais brandos.
E o que significa as Classes I e III?
Antes de explicarmos como a cirurgia ortognática funciona na prática e quais são os processos que a antecedem e sucedem, vale a pena apresentar brevemente as características das outras classificações.
A começar pela Cirurgia Ortognática Classe I que é basicamente uma referência para as demais, já que indica o posicionamento correto da maxila e da mandíbula.
Ou seja, o paciente está com dentes e mordida corretamente posicionados, mas, ainda assim, pode apresentar pequenas deformidades nos ossos da face.
Em alguns casos, a intervenção cirúrgica nem chega a ser indicada. Somente se o profissional e o paciente chegarem à conclusão de que os aspectos facial e funcional são significativos e demandam mudanças.
Já a Cirurgia Ortognática Classe III é justamente o oposto da Classe II. Ou seja, quando a mandíbula, a arcada dentária inferior, está à frente da maxila.
Quando e com qual profissional realizar o procedimento
O mais indicado é que a Cirurgia Ortognática Classe II, assim como as outras classificações, seja realizada após os 17 anos de idade.
Isso porque, nesta fase, o crescimento e maturação óssea da face já costuma ter chegado ao fim.
Por outro lado, quando o paciente é mais novo, mas possui deformidades severas que impactem na sua estética, autoestima e socialização, pode-se abrir exceções.
Neste caso, contudo, uma segunda cirurgia deverá ser realizada após o encerramento da fase de crescimento para possíveis correções.
Em adultos, a cirurgia ortognática é indicada quando o tratamento ortodôntico não consegue resolver sozinho as alterações.
Já sobre o profissional mais habilitado para realizar este procedimento é o cirurgião-dentista especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais.
Quanto mais experiente nesse tipo de procedimento, mais tranquilo tende a ser o pós-operatório.
Como a cirurgia ortognática é feita
Apesar de a cirurgia ortognática ser dividida em três classificações, cada uma delas pode ser executada de diferentes formas.
Isso porque depende muito do tipo de problema que o paciente apresenta.
No caso dos que tem indicação para a Cirurgia Ortognática Classe II, por exemplo, a intervenção pode ser realizada na maxila, na mandíbula ou até mesmo em ambas.
Em alguns casos, ainda, a mentoplastia também se faz necessária.
De forma geral, o cirurgião-dentista solta a arcada dentária superior e/ou inferior, conforme a necessidade do paciente, a fim de corrigir sua posição.
A maxila, a mandíbula ou ambas são fixadas no local correto por meio de placas e parafusos de titânio.
O procedimento acontece em ambiente hospitalar e com anestesia geral. E todo processo ocorre por dentro da boca, o que evita o aparecimento de qualquer tipo de cicatriz.
O pré e o pós-operatório
Geralmente, tanto o pré quanto o pós-operatório da cirurgia ortognática acontecem de maneira semelhantes, independentemente da classificação.
Antes do procedimento, por exemplo, é muito comum que os pacientes, inclusive os da Cirurgia Ortognática Classe II, utilizem aparelho ortodôntico fixo para alinhamento dos dentes.
Esse processo pode durar até dois anos e ainda se prolongar por mais um ano após a cirurgia. Lembrando que o paciente não precisa retirar o dispositivo para passar pelo procedimento.
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Já no que se refere ao pós-operatório, em geral, o paciente permanece no hospital por mais um ou dois dias.
E, depois que é liberado para voltar para casa, pode seguir longe das suas atividades por mais de mês, com retorno gradual das mesmas.
Já os cuidados especiais incluem o uso de medicações, como analgésicos e anti-inflamatórios, e de compressas frias para reduzir o edema.
Assim como alimentação líquida e pastosa por várias semanas. O resultado final costuma ser alcançado em um prazo de seis meses a um ano.
Atuação multidisciplinar no tratamento
Engana-se quem pensa que a cirurgia ortognática envolve apenas o ortodontista e o cirurgião buco-maxilo-facial.
Profissionais de outras áreas também podem contribuir com o tratamento das mais diferentes formas.
É o caso do nutricionista, por exemplo, que orienta e conduz a dieta do pós-operatório, para garantir a absorção de nutrientes e evitar a perda excessiva de peso.
O fonoaudiólogo também pode ajudar na reintrodução da alimentação sólida, assim como a melhorar a mastigação, fala, respiração.
Já os fisioterapeutas podem atuar no tratamento de edemas e tensão muscular. Não é à toa que muitos cirurgiões já até contam com esse tipo de profissional em suas equipes.
As melhorias não são apenas estéticas
Conforme mencionado no início deste artigo, a cirurgia ortognática é um procedimento estético-funcional.
Isso significa que ela não visa apenas restabelecer o equilíbrio anatômico da face e corrigir as discrepâncias da relação entre a maxila e mandíbula, deixando o rosto mais harmônico.
Vale destacar que, mesmo o rosto se apresentando de forma simétrica após a cirurgia, muitos pacientes não gostam do resultado de início.
Isso porque já estão acostumados com a apresentação anterior. Mas essa situação tende a melhorar com o tempo.
O procedimento visa ainda restabelecer características funcionais, como a mastigação e deglutição, o que também vai beneficiar o funcionamento do intestino e o sistema gástrico.
Assim como a respiração, já que o posicionamento da maxila pode acabar interferindo na cavidade nasal e diminuindo as vias aéreas superiores.
O que, consequentemente, compromete a qualidade da respiração, causando muitas vezes a apneia obstrutiva do sono.
Essas alterações muitas vezes também causam dores de cabeça e musculares, entre outros sintomas que impactam diretamente na qualidade de vida do paciente.
Mas que podem ser resolvidas ou aliviadas significativamente com a Cirurgia Ortognática Classe II.