A toxina botulínica não é uma opção apenas para quem deseja melhorar questões estéticas. O botox para bruxismo é outra utilidade que vem ganhando cada vez mais força.
Isso pode acabar soando estranho para muitas pessoas, pois o mais comum é que o botox seja associado à suavização de rugas e marcas de expressão.
Mas a verdade é que esta substância também é utilizada com fins estéticos por profissionais dentistas como, por exemplo, para correção do sorriso gengival.
E ainda com fins terapêuticos, como é o caso do tratamento de dores faciais e da sialorréia, de problemas relacionados a articulação temporomandibular (ATM) e do bruxismo.
Neste artigo você vai entender como isso é possível, os detalhes da aplicação e quais as vantagens e possíveis complicações do botox para bruxismo.
Confira todos os pontos que serão abordados sobre o assunto:
As vantagens do botox para bruxismo
O que é o bruxismo?
As principais causas do bruxismo
Bruxismo pode causar fortes incômodos e sérias complicações
O tratamento do bruxismo no consultório odontológico
Dentistas também podem aplicar botox
O papel do botox no controle do bruxismo
Como é feita a aplicação do botox para bruxismo
O tratamento com botox para bruxismo é definitivo?
Botox para bruxismo X comprometimento motor da boca
Botox para bruxismo deve ser associado a outros tratamentos
O que você vai conferir!
As vantagens do botox para bruxismo
O botox para bruxismo tem sido cada vez mais procurado nos consultórios odontológicos.
Isso porque trata-se de um procedimento minimamente invasivo, que é realizado de forma simples, rápida e praticamente indolor, em uma única consulta.
É uma pequena intervenção que não demanda cortes, internação e praticamente não apresenta qualquer risco de complicação.
Além disso, seu custo acaba sendo mais acessível, se comparado a outros tratamentos. E o paciente basicamente não necessita de repouso e pode seguir com sua rotina normalmente.
Mas antes de falarmos sobre a opção de tratamento com botox para bruxismo, é importante entender o que é esta patologia, como ela se desenvolve e quais complicações pode causar.
O que é o bruxismo?
O bruxismo acomete cerca de 84 milhões de brasileiros, o equivalente a 40% da população brasileira, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Trata-se de uma contração inconsciente ou involuntária dos músculos da mastigação, que acaba resultando no ato de ranger os dentes ou apertá-los fortemente.
Apesar de ser mais relacionado ao sono noturno, ele também pode acontecer quando a pessoa está acordada. Esta situação leva o nome de “bruxismo sob vigília” ou “briquismo”.
Supõe-se que o bruxismo é uma patologia mais recorrente entre mulheres, mas até mesmo as crianças podem sofrer deste mal com o nascimento dos primeiros dentes.
Todavia, neste caso, a situação costuma se resolver naturalmente com o aparecimento dos dentes definitivos.
As principais causas do bruxismo
O bruxismo é comumente relacionado a fatores emocionais.
Ou seja, situações que geram ansiedade, estresse ou tensão podem estar diretamente associadas ao surgimento ou até mesmo ao agravamento desta disfunção.
Apesar disso, acredita-se que esta desordem funcional possui causas multifatoriais.
Isso significa que, além dos fatores emocionais, há de se considerar a genética e até mesmo alterações orais, como má oclusão dentária, desalinhamento dos dentes, entre outras.
A má qualidade do sono também pode favorecer o aparecimento do problema. O mesmo vale para o consumo excessivo de álcool, cafeína, estimulantes e para o hábito de fumar.
Bruxismo pode causar fortes incômodos e sérias complicações
O bruxismo não é tão inofensivo como muitos pensam. Essa disfunção causa fortes incômodos que comprometem o bem-estar e a saúde do paciente.
Além disso, com o passar do tempo e sem receber o tratamento adequado, pode inclusive acabar gerando sérias complicações.
O mais comum é que as pessoas que sofrem deste mal, principalmente noturno, já acordem com enxaquecas e dores na mandíbula, no pescoço e nos músculos da face.
Também podem surgir enrijecimento das articulações, dores no ouvido, estalos ao abrir e fechar a boca, mordeduras da bochecha, doenças periodontais, desgastes atípicos e hipersensibilidade dentária.
Em casos mais avançados, pode acontecer ainda trincados ou fraturas nas restaurações ou mesmo nos dentes e amolecimento dentário.
Bem como problemas ósseos, hipertrofia dos músculos masseteres e disfunção da articulação temporomandibular (DTM).
O tratamento do bruxismo no consultório odontológico
Os portadores de bruxismo costumam buscar ajuda profissional somente quando alguém de seu convívio alerta sobre os barulhos dos dentes durante o sono.
Ou quando a situação já está avançada e os danos são perceptíveis.
Com o profissional dentista, além do diagnóstico, é possível restabelecer a estrutura dental afetada, bem como iniciar um tratamento para controlar o bruxismo e minimizar seus efeitos.
Entre eles, está a placa oclusal, que é personalizada e confeccionada em um material rígido, conforme a arcada dentária de cada paciente.
Sua função é reposicionar a mandíbula e, assim, proteger os dentes e a articulação temporomandibular (ATM) e minimizar os sintomas causados pelo bruxismo.
Neste caso, o ideal é que o paciente procure um especialista em disfunção temporomandibular e dor orofacial.
Dentistas também podem aplicar botox
O que muitos não sabem é que, com base na Resolução 176/2016, do Conselho Federal de Odontologia (CFO), os cirurgiões-dentistas também podem aplicar a toxina botulínica.
Tanto para fins terapêuticos funcionais, quanto em tratamentos estéticos. Para isso, o odontólogo não pode extrapolar sua área anatômica de atuação.
Segundo a própria normativa, a área anatômica de atuação clínico-cirúrgica é superiormente ao osso hioide, que fica na parte anterior do pescoço, abaixo da mandíbula e à frente da porção cervical da coluna vertebral.
Até o limite do ponto násio (ossos próprios de nariz) e anteriormente ao tragus (cartilagem que se encontra no ouvido externo, superior ao lobo da orelha), abrangendo estruturas anexas e afins.
Já para os casos de procedimentos não cirúrgicos, de finalidade estética de harmonização facial em sua amplitude, inclui-se também o terço superior da face (testa, supercílios e sobrancelhas).
O papel do botox no controle do bruxismo
Agora que você já sabe o que é o bruxismo e como ele se manifesta, fica mais fácil entender o papel da toxina botulínica, popularmente conhecida como botox, em seu tratamento.
Produzida pela bactéria Clostridium Botulinum, esta substância é utilizada para impedir ou diminuir a contração muscular.
E, com isso, garantir o relaxamento dos músculos da face nos quais o botox é aplicado e sua paralisação temporária.
Ou seja, o botox para bruxismo entra como um tratamento complementar para diminuir a força da contração muscular que resulta no apertar ou ranger os dentes.
O que acaba aliviando a tensão dos músculos mastigatórios e do maxilar e prevenindo as manifestações de alguns incômodos, como as dores orofaciais.
Como é feita a aplicação do botox para bruxismo
A aplicação da toxina botulínica é um procedimento simples e rápido. Inclusive quando se trata do tratamento com botox para bruxismo.
Praticamente qualquer pessoa com mais de 18 anos pode recorrer a esse tratamento, com exceção de pacientes com alergia à toxina botulínica e à lactose.
Gestantes, lactantes, pessoas com doenças autoimunes e neurodegenerativas também devem consultar seus médicos sobre a viabilidade.
No consultório odontológico, o profissional dentista inicialmente faz uma limpeza na pele do paciente para retirar resquícios de protetor solar, creme ou maquiagem.
Em seguida, ele faz a marcação de pontos nos músculos da mastigação, como o masseter e o temporal, e aplica a botox por meio de agulhas superfinas em cada lado da face.
Esta aplicação pode gerar um leve desconforto, mas em alguns casos uma anestesia tópica é utilizada para minimizar qualquer dor que possa surgir em pacientes com maior sensibilidade.
Geralmente, o procedimento é realizado em uma única sessão, que dura cerca de 30 minutos. Via de regram, a consulta não costuma passar de uma hora.
O tratamento com botox para bruxismo é definitivo?
A má notícia é que o tratamento com botox para bruxismo ou com qualquer outra finalidade, não é definitivo.
A toxina botulínica do tipo A tem efeito temporário. Na maior parte das vezes, o resultado perdura por seis meses.
Mas existem casos de pacientes que, após quatro ou cinco meses, já sentem a necessidade de uma reaplicação.
Isso significa que o tratamento demanda uma continuidade para que o resultado seja mantido, com reaplicações semestrais de botox.
É importante destacar ainda que o efeito do botox não é imediato. É um processo gradativo, que costuma variar de paciente para paciente e em virtude de outros fatores.
Geralmente, os efeitos começam no segundo ou terceiro dia após a aplicação, mas podem levar até 15 dias para alcançar o resultado final esperado.
Botox para bruxismo X comprometimento motor da boca
Um dos maiores receios de quem pensa no tratamento com botox para bruxismo é a possibilidade de comprometimento motor da boca.
Mas especialistas afirmam que o botox é seguro e não apresenta qualquer risco desse tipo e praticamente nenhuma complicação.
Sobretudo se for aplicado por um profissional habilitado e experiente.
A aplicação de botox é um procedimento que não costuma nem mesmo apresentar efeitos colaterais.
O máximo que pode acontecer é dor ou sensibilidade local, inchaço, vermelhidão e ardência na região. Sensações que tendem a desaparecer com o passar dos dias.
Botox para bruxismo deve ser associado a outros tratamentos
Assim como o bruxismo possui causas multifatoriais, o ideal é que esta disfunção também seja tratada de forma multidisciplinar.
Ou seja, a aplicação do botox para bruxismo não exclui a necessidade de outros tratamentos. Inclusive a utilização da placa oclusal.
Pelo contrário, esta técnica precisa ser associada a outras metodologias para assegurar o controle desta desordem funcional.
Isso porque o bruxismo não tem cura, portanto, não basta tentar controlar o ato de ranger ou apertar os dentes ou tratar as complicações ocasionadas por ele.
Mas, acima de tudo, reconhecer os fatores que desencadeiam esta disfunção e controlá-los para devolver a qualidade de vida do paciente.
Além do odontólogo, pode ser necessária a atuação de outros profissionais como médico, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo e fisioterapeuta, por exemplo.
Seja para a prescrição de ansiolíticos, realização de terapia psicológica e/ou exercícios para controlar a tensão dos músculos, entre outros recursos.