Dieta cariogênica: o que é e como funciona?

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27/01/2021 | Por: OdontoBusca

Já ouviu falar de dieta cariogênica? Esse é um termo que vem sendo cada vez mais falado. Isso porque a cárie dentária é uma das doenças mais comuns entre as crianças.

Esse cenário reforça a importância e necessidade de se investir em ações preventivas para mudar este cenário. Entre elas está a adoção de uma alimentação equilibrada, principalmente com consumo reduzido de açúcares. É aí que entra a dieta cariogênica.

A última Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, realizada em 2010, mostrou que quase 30% das crianças de 18 a 36 meses apresentaram pelo menos um dente de leite com cárie. Entre as crianças na faixa de 5 anos, a proporção chegou a quase 60%.

Já considerando a dentição permanente, 56% das crianças de 12 anos e cerca de 90% dos adolescentes (15 a 19 anos) tiveram ao menos um dente com cárie.

Apesar de os dados serem relevantes, o levantamento constatou melhoras em relação à pesquisa de 2003. Ainda assim, a cárie dentária continua sendo um dos principais problemas de saúde bucal dos brasileiros.

Entender como e porque a cárie surge pode ajudar a melhorar, cada vez mais, essa realidade. Também é importante saber no que consiste a dieta cariogênica e quais alimentos entram ou não nessa lista.

Neste artigo, você vai entender melhor tudo que está relacionado à dieta cariogênica:

-O que é a dieta cariogênica?

-Como a cárie se desenvolve?

-Como os alimentos cariogênicos atuam?

-Dieta cariogênica é somente para crianças?

-Açúcar: o grande vilão

-Quais são os alimentos cariogênicos?

-Existem alimentos não cariogênicos?

-Então não devo comer alimentos cariogênicos?

-Como posso prevenir a formação de cáries?

O que é a dieta cariogênica?

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Açúcar não é a única fonte cariogênica

Apesar de as dietas serem estratégias popularmente adotadas por quem deseja, em sua maior parte, emagrecer com saúde, a dieta cariogênica não tem nada a ver com isso.

O termo “dieta cariogênica” é empregado para representar o consumo de alimentos e bebidas que podem contribuir para o desenvolvimento de cáries e prejudicar a saúde bucal.

Contudo, ao contrário do que a maioria pensa, o açúcar não é a única fonte cariogênica. Também entram na lista os carboidratos e os alimentos salgados ricos em sacarose e amido, por exemplo.

Como a cárie se desenvolve?

Considerada uma das doenças bucais mais comuns, a cárie dentária é uma cavitação causada pela desmineralização dos tecidos dentais.

Esse processo é resultado da produção de ácidos orgânicos por parte dos microrganismos que vivem no meio bucal, que impactam diretamente na diminuição do pH da nossa boca.

O processo de desmineralização tem início quando o pH é inferior a 5,5 durante mais de 30 minutos. Ou seja, as cáries surgem justamente se essa perda mineral acontece com frequência.

Geralmente, a cárie é percebida por conta de leves dores, incômodos na mastigação ou até mesmo manchas nos dentes.

Como os alimentos da dieta cariogênica atuam?

Os alimentos cariogênicos acabam atuando como um combustível para as bactérias que vivem na nossa boca, principalmente se não realizamos uma eficiente higiene oral.

Isso porque é através dos açúcares dos alimentos que esses microrganismos formam os ácidos, que levam à desmineralização dentária e estimulam o desenvolvimento de lesões cariosas.

E esses açúcares não estão presentes apenas nos alimentos doces. É preciso considerar, ainda, os carboidratos simples, que possuem um índice glicêmico alto.

Mas não é só a composição dos alimentos que compõem a dieta cariogênica que devem ser levados em conta. A textura e a frequência de consumo também importa.

Isso porque comidas pegajosas, tanto doces, quanto salgadas, acabam apresentando uma maior aderência aos dentes. E se consumidas com uma grande frequência, podem comprometer a capacidade de auto-limpeza da nossa boca.

Dieta cariogênica é somente para crianças?

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Dieta saudável e equilibrada ajuda na prevenção de doenças, como a cárie

Apesar de a dieta cariogênica ser muitas vezes relacionada ao universo infantil, isso não significa que tais cuidados se restringem aos pequenos.

Como o consumo de açúcar na fase inicial de vida das crianças está entre os fatores que contribuem para o surgimento de cáries, isso pode acabar influenciando no fato de o tema ganhar mais destaque na odontopediatria.

Conscientizar os pais sobre a importância de uma dieta saudável e equilibrada pode contribuir para a prevenção de doenças e promoção da saúde.

Isso porque, ao evitar os alimentos que compõem a dieta cariogênica desde cedo, os bons hábitos ficarão mais fáceis de serem mantidos por toda a vida.

E, assim, o surgimento de cáries e outras doenças provocadas pelo acúmulo da placa bacteriana, como o tártaro e a gengivite, pode ser reduzido significativamente.

Açúcar: o grande vilão das cáries

O açúcar é o mais conhecido vilão para os dentes. Não é à toa que os órgãos de saúde recomendam que seu consumo não seja estimulado entre crianças menores de 2 anos.

Além de prejudicar a introdução alimentar, este hábito pode resultar no surgimento de placas bacterianas e cáries, bem como de outras doenças.

É importante lembrar que além da sacarose, presente no açúcar de mesa que utilizamos constantemente para adoçar o café, o chá ou o suco, existem outros tipos de açúcar.

Como a glicose, facilmente encontrada nas guloseimas. E a frutose, que também está presente em produtos industrializados e ultraprocessados.

Quais são os alimentos que compõem a dieta cariogênica?

Como já vimos anteriormente, alimento cariogênico é o nome dado para itens que favorecem a formação das cáries.

Apesar dos doces e carboidratos refinados liderarem a dieta cariogênica, existem outros que comprometem a saúde bucal. Saiba mais sobre eles:

-Guloseimas

Balas, chicletes e chocolates são tão prejudiciais que chegam a serem conhecidos como bombas cariogênicas. Por serem ricos em sacarose, acabam modificando o pH na cavidade oral e promovendo a proliferação de microrganismos.

-Biscoitos recheados

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Biscoitos recheados podem grudar entre os dentes e aumentar os riscos de cáries

Além do fato de serem alimentos açucarados, os biscoitos recheados tendem a grudar entre os dentes. Esses resíduos, então, acabam servindo de alimento para as bactérias e ocasionando um aumento da acidez.

-Carboidratos refinados

Os carboidratos refinados, a exemplo do pão branco e do macarrão, possuem um alto índice glicêmico. Isso significa que o carboidrato é rapidamente transformado em glicose, ou seja, açúcar.

-Refrigerantes

Além de rico em açúcar, o refrigerante contém ácido fosfórico, componente que pode provocar a erosão do esmalte do dente.

As versões zero açúcar também entram na lista devido às altas concentrações de carboidratos fermentáveis.

-Outras bebidas

Também é preciso ter cuidado com energéticos, sucos de frutas industrializados e até mesmo sucos de frutas cítricas, como limão ou laranja.

Por serem altamente ácidos, podem provocar erosão dental.

-Alimentos ácidos

Os alimentos ácidos seguem o mesmo princípio. É preciso ter cautela com vinagre, picles e afins devido à sua acidez, que pode desmineralizar o esmalte mais facilmente.

-Alimentos ricos em amido

Muitos não sabem, mas feijão, milho, batata, mandioca, entre outros grãos, cereais e legumes, são ricos em amido, um tipo de carboidrato.

Existem alimentos não cariogênicos?

Em contrapartida, também existem alimentos que são considerados não cariogênicos e até mesmo anticariogênicos.

Como são, em sua maior parte, pobres em carboidratos fermentáveis, sua ingestão não é metabolizada pelas bactérias, o que impacta significativamente na diminuição do pH.

Outro fator aliado é a consistência desses alimentos que estão fora da dieta cariogênica. Além de estimularem a produção de saliva, eles podem auxiliar na remoção das bactérias da cavidade oral.

Confira alguns dos alimentos não cariogênicos e anticariogênicos:

-Alimentos ricos em fibras

Alimentos fibrosos, como as frutas secas, acabam exigindo uma maior mastigação. É por isso, inclusive, que são conhecidos como alimentos detergentes.

Além de contribuírem com o aumento da saliva e com o equilíbrio do pH bucal, eles estimulam uma espécie de limpeza superficial dos dentes.

-Oleaginosas e vegetais crus

Além de fontes ricas de vitaminas e minerais, os grãos e vegetais crus também demandam uma maior necessidade de mastigação. Entre os exemplos estão: cenoura, nozes, amêndoas.

-Alimentos naturais

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Legumes, vegetais e frutas frescas compõem uma dieta saudável e equilibrada

Legumes, vegetais e frutas frescas seguem o mesmo princípio. É o caso da maçã e da melancia, que têm ação adstringente e ajuda na limpeza de dentes e gengivas.

Esses alimentos, inclusive, são muito utilizados por pessoas que fazem suas refeições fora de casa e não têm condições de realizar uma higiene bucal adequada.

-Queijo

O queijo é uma excelente fonte de cálcio e fósforo, componentes que ajudam a promover a remineralização e ampliar a resistência do esmalte dentário.

Outra vantagem é seu poder de ampliar a produção da saliva e reduzir as quantidades de açúcar e de acidez.

Então não devo comer alimentos da dieta cariogênica?

Apesar de facilitarem o desenvolvimento de cáries, não significa que os alimentos cariogênicos devem ser proibidos.

O importante é consumi-los de forma moderada, preferencialmente em pequenas porções, e reforçar a higiene bucal.

Vale ressaltar, ainda, que a quantidade total de açúcar nos alimentos consumidos não é o que aumenta o risco da cárie, mas sim a frequência da ingestão de fontes cariogênicas.

Como posso prevenir a formação de cáries?

Além de evitar o consumo demasiado de alimentos da dieta cariogênica, outros hábitos podem ser adotados para combater a formação de cáries. Entre eles, estão:

-Priorizar uma alimentação equilibrada, com escolhas mais saudáveis, como frutas, legumes, verduras;

-Beber bastante água, para estimular a produção de saliva, neutralização da acidez bucal e garantir uma proteção natural.

-Enxaguar a boca com água após beber refrigerante ou comer alguma coisa, para remover vestígios da bebida ou do alimento.

-Escovar bem os dentes após as refeições, com a utilização de creme dental fluoretado para remover a placa bacteriana;

-Utilizar fio dental diariamente, para retirar restos de alimentos e limpar profundamente o espaço entre os dentes;

-Fazer visitas regulares ao dentista, para prevenir o surgimento ou desenvolvimento de doenças e manter sua saúde bucal em dia;

-Investir em uma aplicação periódica de flúor, para prevenir a perda de minerais do esmalte dos dentes e deixá-los mais resistentes aos microrganismos;

Enfim,

Neste artigo, além de entender o que é a famosa dieta cariogênica, você viu que alguns alimentos podem contribuir para o surgimento das cáries e de que forma isso acontece.

Ao contrário do que muitos pensam, o açúcar não é o único vilão das lesões cariosas. E também existem alimentos aliados, que podem ajudar a retardar o início do processo carioso, como frutas, castanhas e vegetais.

Mas nem por isso é preciso cortar todos os alimentos da dieta cariogência da sua vida e investir apenas nos anticariogênicos. Mantendo os devidos cuidados com a higienização bucal, é possível sim comer um pouco de tudo e se manter saudável.

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