Você se considera uma pessoa tensa ou nervosa e, com frequência, sente dores de cabeça, musculares e dificuldades para abrir a boca, mastigar e movimentar a mandíbula? Muitas pessoas não sabem, mas essas queixas são compatíveis com a disfunção craniomandibular.
Um problema que compromete significativamente a qualidade de vida do indivíduo e que pode gerar sérias complicações para a saúde geral e bucal. Mas que também pode ser facilmente diagnosticado com a ajuda de um especialista e controlado por meio de diferentes opções de tratamento.
Neste artigo, além de entender o que é a disfunção craniomandibular, suas causas e consequências, você vai descobrir como é feito o diagnóstico e tratamento desse problema, que é mais comum do que se imagina.
Veja o que será abordado sobre o assunto:
Disfunção craniomandibular é problema comum
Articulação Temporomandibular, a famosa ATM
Disfunção craniomandibular: o que é isso?
Sintomas da disfunção craniomandibular
Um problema multicausal
Qual profissional procurar em caso de disfunção craniomandibular
Como é feito o diagnóstico
Complicações podem surgir
A disfunção craniomandibular tem cura?
Os diferentes tipos de tratamento
O que você vai conferir!
Disfunção craniomandibular é problema comum
Os termos Articulação Temporomandibular (ATM), Disfunção Temporomandibular (DTM) e Disfunção Craniomandibular (DCM) podem até não serem tão conhecidos.
Mas a verdade é que o primeiro se refere a um conjunto de músculos e articulações que todo mundo tem. E os outros dois definem um problema mais comum do que se imagina.
Estudos apontam que até 68,9% das pessoas pode apresentar algum sintoma de disfunção temporomandibular ao longo da vida, sendo que, aproximadamente 15% vai necessitar de tratamento.
Além disso, estima-se que a disfunção craniomandibular atinge mais de 8 milhões de brasileiros. Portanto, vale a pena conhecer esse problema e se certificar se você faz ou não parte dessa estatística.
Articulação Temporomandibular, a famosa ATM
Para ficar mais fácil de entender no que consiste a disfunção craniomandibular, é preciso, primeiramente, compreender o que é e como funciona a Articulação Temporomandibular.
A famosa ATM é tida como uma das articulações mais complexas do corpo humano. É graças a ela que conseguimos abrir e fechar a boca, sorrir, bocejar, falar e mastigar, por exemplo.
Trata-se da articulação que liga a mandíbula a base do crânio, mais especificamente ao osso temporal. É a única do nosso corpo capaz de movimentar os dois lados ao mesmo tempo.
É uma articulação muito fácil de ser percebida. Basta colocar a mão no rosto, um pouco à frente das orelhas, ao abrir e fechar a boca, que você consegue senti-la movimentando.
Disfunção craniomandibular: o que é isso?
Agora que você já sabe o que é a Articulação Temporomandibular (ATM), vamos falar da disfunção craniomandibular.
Também conhecida por disfunção temporomandibular ou disfunção da ATM, trata-se de um conjunto de sinais e sintomas que indicam anormalidade no funcionamento desta articulação.
Isso significa que sua função está sendo usada de maneira inadequada, inclusive além da atividade mastigatória.
Essas alterações nos músculos da mastigação resultam, consequentemente, em uma má relação entra a mandíbula e osso temporal.
Veja também: DTM: Saiba tudo sobre as disfunções temporomandibulares da ATM
Sintomas da disfunção craniomandibular
Dificuldades para abrir bem a boca, movimentar a mandíbula para os lados ou até mesmo estalos quando se faz esse movimento são alguns dos sintomas comuns da disfunção craniomandibular.
Além disso, o paciente pode apresentar dores de dente, enxaquecas recorrentes, assim como dores de ouvido e até de garganta. Alguns ainda chegam a relatar zumbidos no ouvido.
É por isso, inclusive, que muitos tendem a procurar um otorrinolaringologista quando os primeiros sintomas surgem.
Também é comum surgirem dificuldades e desconfortos na hora da mastigação, bem como inchaço e dor muscular em um dos lados do rosto ou até mesmo em ambos.
O hábito de apertar e/ou ranger os dentes, tanto no decorrer do dia quanto durante o sono, e dores na nuca ou torcicolo também são frequentes.
Como esses sintomas podem ser confundidos com outras condições, é extremamente importante procurar um especialista para fechar o diagnóstico e proceder com o tratamento necessário.
Um problema multicausal
Muito se questiona sobre o que pode provocar a disfunção craniomandibular. Mas na verdade, não existe uma única causa para este problema.
Pelo contrário, essa alteração é considerada multifatorial ou multicausal, o que significa que várias questões podem desencadeá-la.
Fatores emocionais, como estresse, ansiedade e nervosismo, são os principais responsáveis por seu desenvolvimento.
Isso porque a tensão da musculatura provoca uma sobrecarga na Articulação Temporomandibular (ATM).
Mas hábitos nocivos, como roer unhas, problemas posturais, briquismo e bruxismo podem contribuir para o aparecimento desta disfunção.
Assim como traumas, utilizar próteses dentárias mal adaptadas, entre outros problemas dentários.
Qual profissional procurar em caso de disfunção craniomandibular
Se você está com suspeitas de disfunção craniomandibular, o ideal é que procure ajuda profissional o quanto antes.
Muitos pacientes recorrem a profissionais como otorrinolaringolistas e neurologistas no início dos sintomas, mas muitas vezes não conseguem solucionar o problema por lá.
A boa notícia é que existe uma especialidade odontológica voltada especificamente para este tipo de problema, reconhecida como tal pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), no ano de 2002.
Trata-se do cirurgião-dentista especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, cuja atribuição inclui o diagnóstico e tratamento das alterações ocorridas nas articulações temporomandibulares, bem como das dores na face e/ou cabeça, irradiadas ou não.
Mas um especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais também pode realizar o tratamento de disfunções da ATM.
Isso porque este é o profissional da odontologia com amplo conhecimento sobre traumas da face e patologias maxilofaciais.
Como é feito o diagnóstico
No consultório, em um primeiro momento, o profissional dentista irá conversar com o paciente sobre seus sintomas e queixas.
Geralmente, a avaliação do histórico clínico já é suficiente para levantar a suspeita de disfunção craniomandibular.
Ainda assim, um exame clínico minucioso é realizado com palpação da musculatura, para investigar se existe algum nódulo decorrente da tensão muscular.
O profissional também costumar pedir para o paciente abrir e fechar a boca várias vezes e fazer movimentos de um lado para o outro ou de frente para trás.
Isso com o objetivo de avaliar a movimentação mandibular, sobretudo, se apresenta ou não estalos.
Em alguns casos, exames complementares também podem ser necessários, como é o caso da ressonância magnética.
É o que possibilitará a identificação de hemorragias, mal posicionamento da cápsula articular, edemas, desgastes e degeneração óssea, entre outras possíveis alterações.
Complicações podem surgir
Além de comprometer a qualidade de vida do paciente, a disfunção craniomandibular pode ocasionar outros problemas para a saúde geral e bucal.
Entre eles estão alterações no funcionamento da mastigação, deglutição e até mesmo da fala.
Assim como alterações posturais e cervicais. Além de problemas dentários, como desgastes e fraturas.
Importante destacar ainda que, depois de instalada, essa disfunção se torna progressiva, já que os níveis de severidade da disfunção craniomandibular podem evoluir.
Portanto, quanto mais rápido buscar ajuda profissional e tratamento, mais chances de a situação ser controlada e evitar complicações.
A disfunção craniomandibular tem cura?
Uma pergunta muito comum é se a disfunção craniomandibular tem cura, sobretudo se o diagnóstico e tratamento forem realizados em tempo.
Como ela não é considerada uma doença, consequentemente muitos profissionais costumam dizer que ela também não tem cura.
Isso porque uma disfunção caracteriza-se justamente pelo fato de uma função ser utilizada de forma inadequada.
Ou seja, de nada adianta controlar os sintomas, se os fatores causais não receberem a devida atenção. Logo mais, a disfunção pode voltar a aparecer.
Mas o problema tem sim tratamento e pode ser controlado de diferentes formas, conforme veremos adiante, a fim de evitar a piora do quadro e futuras complicações.
Os diferentes tipos de tratamento
O tipo de tratamento vai depender do grau de severidade da disfunção craniomandibular. Em grande parte dos casos, inclusive, usa-se uma abordagem multidisciplinar, com a atuação de profissionais de outras áreas.
Confira algumas das opções de tratamentos mais comuns:
- Autocuidado: o paciente deverá se manter vigilante em relação a hábitos nocivos, como ranger ou apertar os dentes, além de investir em uma rotina mais leve e menos estressante
- Medicação: prescrição de analgésicos e relaxantes musculares, a fim de aliviar as dores e tensões
- Laser: a luz do laser ajuda a estabilizar as células nervosas do tecido humano e a aliviar as dores causadas pela DCM graças ao seu efeito analgésico. Além de melhorar a movimentação mandibular e ajudar a restabelecer a mastigação.
- Placa miorrelaxante: além de diminuir a frequência e intensidade do rangimento ou apertamento dos dentes e, assim, aliviar a dor e tensão, ajuda a proteger os dentes. Os modelos rígidos, confeccionados com material acrílico, são os mais utilizados, sobretudo durante o sono
- Botox: a aplicação da toxina botulínica é uma grande aliada no tratamento de bruxismo, dores faciais, sialorréia e também problemas relacionados a ATM. Ajuda a diminuir a força da contração muscular, a aliviar a tensão dos músculos mastigatórios e do maxilar e a prevenir dores orofaciais
- Fisioterapia: a fisioterapia bucomaxilofacial contribui com a reabilitação das estruturas mastigatórias de pacientes com bruxismo, disfunção craniomandibular e dores orofaciais. Reeducando os ligamentos e a musculatura, a fim de aliviar a carga funcional
- Tratamento cirúrgico: quando as medidas terapêuticas não são suficientes ou quando o paciente tem tumores ou anquiloses na região, uma intervenção cirúrgica pode ser indicada. Como a artrocentese, a artroscopia e a artrotomia.
- Entre várias outras que podem ajudar a tratar a disfunção craniomandibular aliviando o estresse, a tensão e a ansiedade, como acupuntura, sonoterapia, hipnoterapia, etc.