Você, com certeza, já deve ter ouvido falar que o flúor tem um importante papel na prevenção de cáries e na manutenção da saúde bucal. Mas de um tempo para cá, um questionamento tem se tornado recorrente: o flúor na água estraga os dentes?
Esse é um tema polêmico que tem dividido opiniões. Neste artigo você vai entender de onde surgiu essa questão, no que ela se embasa e como impedir que o flúor, tão presente no nosso dia a dia, ofereça riscos à nossa saúde. Veja o que será abordado sobre o tema:
Flúor na água estraga os dentes: de onde surgiu essa questão?
O que é o flúor e qual sua importância
O flúor não está presente apenas na água
Qual é a quantidade ideal de flúor na água?
De que forma o flúor na água estraga os dentes?
O que causa a fluorose dentária?
Atenção especial às crianças
A toxicidade da superexposição ao flúorAfinal, flúor na água estraga os dentes ou não?
O que você vai conferir!
Flúor na água estraga os dentes: de onde surgiu essa questão?
A fluoretação da água tratada é obrigatória há muito tempo no Brasil. Isso foi definido com o objetivo principal de prevenir, de forma coletiva, o aparecimento da cárie na população.
Considerando, sobretudo, que nem todo mundo tem acesso a produtos e tratamentos odontológicos.
Apesar de as autoridades competentes afirmarem que a concentração desse elemento na água é inofensiva, muitas pessoas se preocupam com a dificuldade em controlar o quanto se consome.
Inclusive porque além da ingestão, a água fluoretada acaba sendo usada na limpeza e preparação de alimentos e para se fazer bebidas, por exemplo, como o suco.
Sem considerar as outras formas que acabamos ingerindo esse elemento, muitas vezes até sem saber, conforme veremos adiante.
Veja também: Cárie: Saiba como evitar, suas causas e tratamentos
O que é o flúor e qual sua importância
Mas antes de abordarmos se o flúor na água estraga os dentes ou não, é importante entender no que consiste esse elemento e qual o seu papel.
Também conhecido como fluoreto, o flúor é um elemento químico muito reativo e, por isso, não é encontrado na sua forma elementar.
Ele está presente na grande parte dos cremes dentais disponíveis no mercado, em uma concentração que vai de 1000 a 1500ppm.
Isso com o objetivo de auxiliar na limpeza e proteção dos dentes, tornando-os mais resistentes para a ação das bactérias que causam a cárie.
Considerando, claro, pequenas quantidades de flúor que chegam ao nosso meio bucal de forma contínua, ou seja, ao longo de toda nossa vida.
O flúor não está presente apenas na água
O que muitos ainda não sabem é que o flúor está mais presente nas nossas vidas do que a gente imagina.
E não é só na água, mas também no creme dental que utilizamos diariamente, pelo menos três vezes ao dia.
Nos produtos utilizados pelo profissional dentista no consultório, como enxaguante bucal, gel, verniz e o flúor aplicado na limpeza dental, por exemplo.
E, ainda, no solo, no ar, em alguns produtos industrializados e em alimentos processados preparados com água fluoretada.
É o caso dos chás, principalmente o preto, cereais infantis, sopas e enlatados feitos com peixes e ossos de carne bovina, frangos secos industrializados, peixes, frutos do mar, entre outros.
Até mesmo o café, refrigerante, uva passa e suco apresentam alguma quantidade de flúor em sua composição.
Isso também faz com que muitas pessoas se questionem se esse cenário, em algum momento, não pode configurar excesso e gerar riscos para a saúde bucal e geral.
Veja ainda: A aplicação de flúor e seu papel na prevenção da cárie dentária
Qual é a quantidade ideal de flúor na água?
Conforme definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), o limite de concentração de flúor para que a água seja considerada potável e segura é de 1,5 mg F/L.
Apesar de este também ser o Valor Máximo Permitido (VMP) no Brasil, acaba sendo motivo de questionamentos pois muitas pessoas argumentam que essa quantidade já é excessiva.
Isso porque alguns países reavaliaram a medida após demonstração de riscos de intoxicação com a substância.
Os Estados Unidos, por exemplo, baixaram a dosagem de flúor na água potável para 0,7 mg/ L.
Mas considerando as capitais brasileiras e Distrito Federal, os melhores teores variam de 0,6 e 0,8 mg F/L, já que garantem a ação anti-cárie, sem oferecer o risco de fluorose dentária.
Contudo, vira e mexe levantamentos sobre a fluoretação da água são realizados e constatam teores de flúor inadequados para a saúde bucal. O que inclui tanto a superdosagem, quanto a baixa quantidade.
Caso a concentração seja superior, os responsáveis pelos sistemas de abastecimento devem informar que a água não deve ser consumida diariamente por menores de oito anos de idade, conforme prevê o Decreto 5440/2005.
Para quem não sabe, a quantidade de flúor utilizada no sistema de abastecimento pode ser verificada através dos departamentos de abastecimento da sua cidade.
Ou até mesmo o profissional dentista de sua confiança pode saber te informar a respeito.
De que forma o flúor na água estraga os dentes?
Existe uma condição que afeta os dentes e é causada pelo excesso de flúor, que leva o nome de fluorose e tem impacto direto no esmalte dos dentes.
Quando o Brasil começou a implementar o flúor nas águas dos sistemas de abastecimento das cidades, houve um aumento substancial do índice de fluorose dentária.
Mas esta prevalência se deu de forma “muito leve” e “leve”, portanto, não foi visto pelos órgãos competentes como um problema de saúde pública.
Estudos também mostraram que crianças que moravam em regiões mais quentes tinham menos cárie e mais fluorose, em relação às que viviam em regiões mais frias com o mesmo teor de flúor.
Isso motivou a criação de normas sobre a adição de flúor no tratamento da água potável. Como o método para determinar o teor adequado de flúor, que considera a média das temperaturas climáticas de cada região.
E também a concentração máxima permitida que seja capaz de contribuir com a redução da cárie, com o mínimo de risco de desenvolvimento da fluorose.
O que causa a fluorose dentária?
Em suma, a fluorose dentária é causada pela superexposição ao flúor durante o desenvolvimento dos dentes.
Apesar de não ser considerada uma doença, afeta o esmalte do dente, causando manchas esbranquiçadas ou até amarronzadas, em casos mais graves.
O que, além de comprometer significativamente a estética do sorriso, pode enfraquecer os dentes e até mesmo resultar em fraturas.
Um dos principais fatores que está relacionado ao seu aparecimento é o uso inadequado de produtos odontológicos, como o creme dental.
Mas o mesmo pode acontecer, por exemplo, se o indivíduo fizer uso de algum suplemento de flúor quando a água potável já for suficientemente fluoretada.
Atenção especial às crianças
A fluorose é um problema que surge principalmente entre as crianças, no período de formação dos dentes permanentes. Ou seja, até os oito anos de idade, aproximadamente.
Por isso, é extremamente importante e necessário que as escovações dos menores sejam realizadas pelos próprios pais. E as dos maiores acompanhadas de perto pelos responsáveis.
Como as pastas dentais infantis possuem sabores especiais para tornar o processo de escovação mais agradável, muitas crianças acabam exagerando na quantidade e comendo o produto.
Saiba como escolher uma pasta de dente infantil
O recomendável é que o creme dental fluoretado seja utilizado desde o nascimento do primeiro dente.
Mas com muita cautela, inclusive em relação à quantidade utilizada, que deve ser adequada para manter o efeito anti-cárie sem causar danos aos dentes.
Ou seja, uma quantidade equivalente à metade de um grão de arroz cru para bebês com menos de 10kg e à um grão de arroz cru, para os que têm acima desse peso ou até três anos de idade.
Já para as crianças que sabem cuspir ou que têm acima de quatro anos, pode ser colocada uma quantidade correspondente a um grão de ervilha.
Veja também: A escovação infantil e seu importante papel na saúde bucal
A toxicidade da superexposição ao flúor
Importante destacar que a ingestão do flúor em excesso pode causar uma série de reações ao organismo, além da fluorose dentária. Confira algumas delas:
- Náuseas
- Diarreia
- Vômito
- Cólicas
- Dores abdominais
- Aftas na boca
- Perda de apetite
- Fraqueza
Afinal, flúor na água estraga os dentes ou não?
E no fim das contas, o flúor na água estraga os dentes ou não? A verdade é que ainda não existe um consenso sobre esta questão.
Hoje em dia entende-se que a dosagem de flúor utilizada nos centros de abastecimento é muito pequena para ser considerada fator de risco para a saúde bucal e geral.
Mas não custa nada procurar se certificar sobre a quantidade de flúor utilizada no sistema de abastecimento da sua localidade.
Isso vai ajudar, inclusive, a monitorar a ingestão de alimentos decorrente de outras fontes.
É importante, sobretudo, supervisionar o uso de produtos que contenham flúor entre as crianças, que são mais propensas a desenvolverem a fluorose.
De forma geral, o flúor na água, isoladamente, não costuma ser a principal causa dessa alteração dentária.
Mas, sim, o uso inadequado e excessivo de produtos que contenham flúor, principalmente o creme dental que temos fácil acesso, ou suplementações desnecessárias.
Muito se fala sobre o risco de desenvolvimento da fluorose dentária por conta do excesso de flúor na água.
Mas é preciso considerar também que o flúor na água estraga os dentes de outra forma: se houver uma baixa concentração, já que pode favorecer o surgimento de cáries.