Você costuma respirar pela boca ou conhece alguém que tem esse hábito? Apesar de aparentemente inofensiva, a respiração bucal pode causar muitos problemas.
E afetar, inclusive, o desenvolvimento físico, psíquico, psicopedagógico, assim como a autoestima, se não for diagnosticada e tratada a tempo.
Nesse artigo, você irá entender como identificar um respirador bucal e as principais causas, consequências e tratamentos da respiração bucal.
O que você vai conferir!
O que é a respiração bucal
A respiração bucal é uma queixa relativamente comum e que acomete principalmente as crianças. Mas nem por isso pode ser considerada normal.
Quando este hábito começa na infância e não é tratado precocemente, pode se tornar uma condição crônica. Ocasionando assim, alterações na face e as mais diferentes complicações.
Neste caso, recebe o nome de Síndrome do Respirador Bucal ou Oral, que é quando o indivíduo substitui o padrão respiratório nasal pela respiração bucal ou mista.
Por que é importante respirar pelo nariz
Você deve estar se perguntando qual é o problema de respirar pela boca, já que muitas vezes este é um hábito mais do que natural para algumas pessoas.
Para ficar mais fácil de entender, vamos falar sobre a importância da respiração realizada pelas narinas.
Quando aspiramos o ar pelo nariz, os pequenos pelos localizados no interior das narinas e do muco ajudam a filtrar as impurezas e proteger nosso organismo dos microrganismos.
Já o tecido conjuntivo e as glândulas presentes na cavidade nasal promovem o aquecimento e umidificação do ar inalado, tornando-o mais puro.
Na respiração bucal, isso não acontece, pois não é nenhum filtro na nossa boca. O que acaba aumentando os riscos de infecções e favorecendo outros problemas, conforme veremos a seguir.
Obstrução nasal é uma das causas da respiração bucal
De forma geral, a respiração bucal costuma ser causada por dois fatores. O primeiro deles é a obstrução nasal, seja completa ou incompleta, uni ou bilateral.
Contudo, a situação não é tão simples quanto parece. Isso porque as mais diferentes circunstâncias podem deixar o nariz entupido.
As mais comuns são a rinite e sinusite, duas inflamações que são caracterizadas pelos sintomas nasais, principalmente.
Assim como o aumento das adenoides, glândulas localizadas na parte superior da garganta, atrás do nariz e do céu da boca.
E ainda o desvio de septo nasal, que é o deslocamento lateral da estrutura que separa uma narina da outra. Entre tantos outros fatores.
Respiração bucal também pode ser resultado de simples hábitos
A Síndrome do Respirador Bucal também pode ser causada por alguns hábitos comuns na infância, que podem dificultar a respiração pelo nariz.
Entre eles, estão o uso da chupeta ou da mamadeira por período prolongado e a prática de sucção do dedo.
Até mesmo o fato de o bebê estar mal posicionado no berço, na hora do sono, pode provocar a respiração bucal.
Amígdalas aumentadas, muitas vezes resultantes de infecções, também aparecem na lista.
Isso porque podem fazer com que as crianças precisem abrir a boca e rebaixar a língua para uma melhor passagem do ar.
Além disso, existem pessoas que desenvolvem o hábito de respirar pela boca por determinados motivos e não conseguem voltar a respirar pelo nariz depois que a questão é solucionada.
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Alterações comuns no respirador bucal
O respirador bucal geralmente é identificado pelo hábito de manter a boca aberta, seja dormindo ou acordado.
Mas essa não é a única alteração causada por esta disfunção. Geralmente, uma incorreta postura muscular de lábio e língua é percebida.
Assim como maxila pouco desenvolvida, mandíbula desarmônica, céu da boca mais alto, arcadas pequenas, dentes tortos, abertos e desalinhados e lábio inferior saltado para baixo.
Além disso, a língua costuma ficar posicionada na parte debaixo da cavidade bucal, junto aos incisivos inferiores.
Alterações faciais também podem ser esperadas, como aumento da cavidade oral e diminuição da cavidade nasal.
Bem como cabeça projetada para frente e, consequentemente, problemas de postura corporal.
Os principais sintomas
Durante a noite, se o indivíduo não consegue respirar pelo nariz, a boca acaba ficando aberta e causando roncos, salivação excessiva, ressecamento da garganta, entre outros.
Como o sono passa a ficar agitado, acaba interferindo muitas vezes no dia a dia do paciente, que pode ficar mais sonolento e irritado, além de apresentar olheiras e cefaleias matinais.
A mastigação e a deglutição também podem ser prejudicadas, em virtude da flacidez da língua e da boca.
Com isso, pode acontecer de o indivíduo mastigar pouco, comer mais rápido, preferir alimentos pastosos e beber líquidos durante a refeição para ajudar no processo.
Assim como Infecção das Vias Aéreas Superiores de repetição, tosse seca persistente, halitose, incontinência urinária noturna e aumento das cáries dentárias, entre outros sintomas.
Como é feito o diagnóstico
Muitas vezes a suspeita de Síndrome do Respirador Bucal pode ser levantada pelo próprio profissional dentista, nas consultas de rotina.
Isso a partir das alterações faciais ou até mesmo dos problemas encontrados nas arcadas e elementos dentários.
Ao contrário do que muita gente pensa, o odontólogo não é um profissional especializado apenas em dentes, mas sobretudo em cabeça e pescoço.
Ainda assim, o diagnóstico costuma ser feito pelo otorrinolaringologista, a partir de uma anamnese que visa avaliar os hábitos e sintomas, em primeiro lugar.
Pode acontecer de o paciente apresentar sintomas isolados, o que pode mascarar a patologia e dificultar o diagnóstico.
Também são avaliados exame físico geral e otorrinolaringológico e, em alguns casos, solicitados exames complementares, como raio-x, endoscopia nasal, tomografia, biópsia, entre outros.
Isso tudo no intuito de determinar o que está causando a respiração bucal para, posteriormente, definir o tratamento mais adequado.
Consequências da respiração bucal
A respiração bucal pode causar sérias complicações, se não for tratada precocemente. Inclusive comprometendo a qualidade de vida de crianças, adolescentes e adultos.
Em crianças, por exemplo, como o crescimento da face ocorre, em sua maior parte, até os 12 anos de idade, a respiração bucal pode acabar prejudicando tal desenvolvimento.
O que, consequentemente, vai acarretar uma cavidade oral aumentada e uma cavidade nasal diminuída, conforme mencionado.
Com isso, os dentes podem ficar mais abertos, o céu da boca mais alto, o lábio inferior evertido e provocar alterações na mandíbula e na maxila na fase adulta.
Já os distúrbios do sono podem refletir em problemas comportamentais, baixa autoestima, déficit de atenção, queda no desempenho escolar e distúrbios neuropsicológicos.
Há indícios, ainda, de comprometimento de peso e estatura, alterações cardiovasculares, distúrbios hormonais e problemas na fala, aprendizagem, postura, mastigação e deglutição.
Em adultos, além das alterações no sono, pode haver uma maior incidência de problemas pulmonares, infecções de garganta, mau hálito.
Assim como dificuldades para realizar atividades físicas e alterações dentárias significativas, como a mordida cruzada.
O tratamento é multidisciplinar
Como a respiração bucal é uma disfunção multifatorial, na maior parte das vezes o tratamento também é realizado de forma multidisciplinar.
Isso significa que pode envolver os mais diferentes profissionais, como pediatra, ortodontista, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista, entre outros.
Conforme já pontuado, determinar o fator causal é imprescindível para definir a melhor abordagem.
Além disso, quanto mais cedo a Síndrome do Respirador Bucal for tratada, menores serão os riscos de complicações.
O tratamento ortodôntico é uma das medidas terapêuticas mais comuns entre as crianças respiradoras bucais.
Isso porque o aparelho é capaz de corrigir as alterações bucais e ajudar a promover um novo padrão respiratório.
Veja também: Existe idade certa para colocar aparelho ortodôntico?
É possível prevenir a respiração bucal?
Prevenir é melhor do que remediar, não é mesmo? E a situação não é diferente quando se trata de respiração bucal.
A boa notícia é que as principais formas de prevenção começam no início da nossa vida, literalmente. Quando ainda somos recém-nascidos.
A começar pelo estímulo à amamentação ao seio, que é considerado um verdadeiro exercício por contribuir para o desenvolvimento da face e estruturas bucais.
Bem como para o aumento da tonicidade da musculatura facial, o que não acontece com a mamadeira, que facilita o trabalho e priva o bebê de qualquer tipo de esforço.
Assim que possível, também é importante incentivar o bebê a mastigar os alimentos de forma correta, sobretudo os duros, secos e fibrosos.
Também vale a pena evitar a adoção de acessórios como chupeta e mamadeira e monitorar hábitos nocivos, como o de sucção do dedo, principalmente em prazo prolongado.
E chamar a atenção das crianças para a respiração correta, pedindo para que elas fecham a boca e respirem pelo nariz, sempre que possível.
Além de estimular exercícios faciais, como bochechar, assobiar e estalar a língua, a fim de prevenir a respiração bucal.