A harmonização facial ganhou destaque nos últimos anos, principalmente por causa das celebridades que têm feito grandes transformações através de procedimentos estéticos, como a bichectomia.
Além de despertar a curiosidade da população, a técnica vem ganhado cada vez mais adeptos. Segundo o último censo sobre cirurgia plástica no Brasil, realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a procura por este procedimento aumentou em 14,25% entre 2014 e 2016.
O problema é que, com esta popularização, muitas pessoas esquecem que, apesar de ser uma intervenção relativamente simples, não deixa de ser um procedimento cirúrgico e apresentar riscos.
Nesse artigo, além das possíveis complicações que podem acontecer, você irá entender o que é a bichectomia, como ela é feita, as indicações e contraindicações e qual profissional está apto para realizá-la.
O que você vai conferir!
O que é a bichectomia?
Por muito tempo, rosto redondo e bochechas salientes geravam um grande desconforto e incômodo e afetavam diretamente a autoestima de muitas pessoas.
Isso porque, além da aparência infantilizada, esse aspecto era comumente associado ao excesso de peso.
Mas esse problema pareceu ganhar solução com a popularização da bichectomia, uma das técnicas de harmonização facial.
O procedimento visa justamente melhorar o formato facial, ao diminuir a projeção das bochechas e suavizar essa aparência arredondada.
Além de afinar o rosto, deixá-lo com uma aparência alongada e com maçãs mais marcadas, a técnica também é uma forma de de rejuvenescimento.
Assim como realçar o sorriso, uma das principais contribuições da Odontologia Estética.
Isso acontece por meio da remoção da bola de Bichat, um tecido gorduroso localizado na região das bochechas, entre as maçãs do rosto e a mandíbula.
Continue lendo esse artigo para saber como essa remoção cirúrgica acontece, de fato.
A bichectomia não é para qualquer pessoa
Aquela famosa frase “querer não é poder” é uma realidade quando se trata da bichectomia. Isso porque a cirurgia plástica é contraindicada em uma série de casos.
Confira alguns deles:
- Menores de idade
- Mulheres grávidas
- Pacientes que estão sendo submetidos à tratamentos oncológicos, como radioterapia e quimioterapia
- Pessoas com infecções locais ou sistêmicas
- Pacientes com cardiopatias severas
- Quem apresenta dificuldade de abrir a boca adequadamente, situação conhecida como trismo
- Pacientes com doenças clínicas não controladas, como diabetes e hipertensão
- Pessoas que apresentem algum tipo de infecção na cavidade oral
- Quem tem problemas hepáticos e renais graves
- Entre outros
Para quem este tipo de cirurgia é indicado?
No que se refere à questão estética, a bichectomia costuma ser indicada para pacientes cuja gordura de Bichat se projeta para frente.
O que, consequentemente, acaba dando a impressão de um rosto mais “cheio” e afetando a autoestima de muita gente, conforme já mencionado.
Apesar das mulheres serem mais adeptas a esse recurso, é um procedimento que também vem sendo realizado em homens.
Mas as indicações deste tipo de cirurgia não são estritamente estéticas. Há casos com fins funcionais.
Como, por exemplo, em pessoas que sofreram acidente ou que retiraram algum câncer na região e têm algum tipo de deformidade.
Ou até mesmo pacientes que mordem as bochechas de forma excessiva, principalmente nas atividades do dia a dia.
De qualquer forma, é preciso passar por uma avaliação profissional para evitar exageros na indicação ou prescrição inadequada.
Qual é o profissional apto para realizar o procedimento?
Apesar de ser um procedimento comumente relacionado ao cirurgião plástico, a bichectomia também pode ser realizada por outros profissionais.
Como, por exemplo, dermatologista, cirurgião cranio-maxilo-facial, cirurgião de cabeça e pescoço e, inclusive, cirurgião-dentista.
Além de capacitado, o profissional dentista é autorizado a realizar tal intervenção, bem como habilitado para administrar possíveis complicações.
Isso porque, por lei, sua área de atuação vai desde a parte acima da glândula tireoide até a raiz do cabelo.
Além disso, esses profissionais já lidavam com a bola de Bichat em outros procedimentos odontológicos, como na utilização desta gordura para fechamento de fístulas buco-sinusais.
Harmonização Orofacial já é especialidade odontológica
Além disso, por meio da Resolução 198/2019, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) passou a reconhecer a harmonização orofacial como especialidade odontológica.
O documento define harmonização orofacial como um conjunto de procedimentos realizados pelo cirurgião-dentista em sua área de atuação, responsáveis pelo equilíbrio estético e funcional da face.
E a técnica cirúrgica de remoção do corpo adiposo de Bichat, popularmente conhecida como bichectomia, aparece como uma das áreas de competência do cirurgião-dentista especialista nesse segmento.
Assim como o tratamento de lipoplastia facial, através de técnicas químicas, físicas ou mecânicas na região orofacial e das técnicas cirúrgicas para a correção dos lábios (liplifting).
A normativa ainda determina que, terá direito ao registro de especialista, o profissional que cursar especialização em Harmonização Orofacial com carga horária mínima de 500 horas.
Ou que comprove atuação efetiva em harmonização orofacial nos últimos cinco anos, se já for especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.
Já os especialistas em outras áreas precisam, além da experiência, comprovar a realização de cursos no segmento que totalizem no mínimo 360 horas.
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Como a bichectomia é feita
A bichectomia é uma remoção cirúrgica relativamente simples e pouco invasiva e, por isso, realizada no próprio consultório.
O procedimento costuma durar entre 45 minutos e uma hora, já considerando o tempo do preparo.
Alguns especialistas costumam prescrever gargarejos com antissépticos e doses de antibiótico antes da cirurgia, no intuito de prevenir possíveis infecções.
Já a anestesia local é comum em todos os casos, mas pode ser feita com ou sem sedação, a depender da necessidade do paciente.
A remoção cirúrgica começa com um pequeno corte por dentro da boca, na região da bochecha, para a retirada da gordura de bichat.
Após a remoção, o profissional fará a sutura, popularmente conhecida como ponto.
Se for utilizado o método tradicional, pode ser necessário o retorno do paciente em sete dias para retirá-lo. Contudo, os tipos absorvíveis também são bastante utilizados.
Isso tudo acontece internamente e, portanto, não deixa cicatrizes visíveis.
O pós-operatório e a recuperação
Alguns especialistas costumam comparar o pós-operatório da bichectomia com o da extração do terceiro molar.
Como é feito um corte intraoral na mucosa da região da bochecha, o recomendável é evitar alimentos sólidos nas primeiras 24 horas, principalmente.
Isso para evitar atrito, movimentação exagerada e até mesmo ruptura dos pontos, que pode resultar em uma hemorragia.
Portanto, o aconselhável é investir em uma dieta líquida, de preferência com alimentos gelados ou em temperatura ambiente.
Compressas de gelo e medicamentos analgésicos também são indicados, assim como manter cabeça mais elevada, inclusive na hora de dormir.
Em alguns casos, uma faixa compressiva no local da cirurgia também costuma ser utilizada.
Em quantos dias é possível ver o resultado?
A recuperação do paciente que passa por uma bichectomia é relativamente rápida.
Com isso, em muitos casos, os resultados iniciais já começam a ser percebidos após a primeira semana de cirurgia.
O mais comum é que o paciente já consiga visualizar os primeiros efeitos em um prazo de 15 a 20 dias.
Isso significa que, após alguns dias de recuperação, um rosto menos arredondado e mais contornado já passa a ganhar forma.
Por outro lado, a remodelação total, ou seja, o resultado final, costuma acontecer em um período de três meses.
Lembrando que a bichectomia é uma cirurgia irreversível, portanto, uma vez retiradas as bolas de Bichat, não há mais volta.
Bichectomia envelhece?
Uma dúvida muito comum relacionada à bichectomia é se o procedimento acelera o envelhecimento. A verdade é que não existe um consenso a respeito.
De um lado, estão os profissionais que defendem que as bolas de Bichat podem fazer falta durante o processo natural de envelhecimento.
E, no futuro, o corpo adiposo bucal pode, inclusive, aumentar a percepção de emagrecimento facial e demandar a necessidade de outras intervenções, como a lipoenxertia.
Do outro, há profissionais que defendem que isso acontece somente se a remoção cirúrgica for mal indicada.
Além disso, garantem que a gordura de Bichat tem função apenas entre os recém-nascidos, na proteção dos ramos bucais do nervo facial e como auxílio à amamentação.
Mas que isso se perde com o crescimento e, portanto, sua retirada não faz falta no envelhecimento, já que ela não possui função estrutural ou de sustentação, como as demais gorduras do rosto.
Muito cuidado na escolha do profissional
Conforme veremos adiante, apesar da bichectomia ser um procedimento relativamente simples e minimamente invasivo, ela envolve sim alguns riscos.
E as complicações decorrentes do procedimento, em sua maior parte, são de responsabilidade médica.
Portanto, é imprescindível buscar um profissional que, além de qualificado, possui treinamento e experiência nesse tipo de intervenção.
Inclusive porque um profissional capacitado tem melhores condições de fazer uma avaliação crítica do caso.
E, assim, avaliar a real necessidade do paciente, inclusive de tratamentos associados para um resultado mais satisfatório.
Uma cirurgia simples, mas que não deixa de apresentar riscos
Dores, inchaços e edemas podem surgir após a remoção cirúrgica, contudo, são facilmente controlados por meio de medicação e outros recursos.
O maior risco está no fato de as bolas de Bichat estarem localizadas em uma área delicada do rosto, em meio a nervos e canais salivares.
Isso significa que, se a bichectomia não for bem executada, pode lesionar algum nervo do rosto.
O que, consequentemente, pode resultar em hemorragia, assimetria facial, deformidades e até mesmo na perda de movimentos faciais de forma irreversível.
Além disso, existe a possibilidade de lesão da glândula parótida, responsável pela produção da saliva.
Com risco de infecções, inclusive, já que o líquido para a ser represado em local inadequado.
Outro problema que pode acontecer é o profissional, sobretudo o que não tem muita experiência com esse tipo de intervenção, ter dificuldades de encontrar a gordura de Bichat.
Isso pode tornar a bichectomia inexequível.