Respiração bucal pode ocasionar sérios problemas à saúde

respiração bucal

24/03/2021 | Por: OdontoBusca

Você costuma respirar pela boca ou conhece alguém que tem esse hábito? Apesar de aparentemente inofensiva, a respiração bucal pode causar muitos problemas.

E afetar, inclusive, o desenvolvimento físico, psíquico, psicopedagógico, assim como a autoestima, se não for diagnosticada e tratada a tempo.

Nesse artigo, você irá entender como identificar um respirador bucal e as principais causas, consequências e tratamentos da respiração bucal.

O que é a respiração bucal

respiração bucal

Muito comum em crianças, respiração bucal pode provocar alterações na face e as mais diferentes complicações

A respiração bucal é uma queixa relativamente comum e que acomete principalmente as crianças. Mas nem por isso pode ser considerada normal.

Quando este hábito começa na infância e não é tratado precocemente, pode se tornar uma condição crônica. Ocasionando assim, alterações na face e as mais diferentes complicações.

Neste caso, recebe o nome de Síndrome do Respirador Bucal ou Oral, que é quando o indivíduo substitui o padrão respiratório nasal pela respiração bucal ou mista.

Por que é importante respirar pelo nariz

Você deve estar se perguntando qual é o problema de respirar pela boca, já que muitas vezes este é um hábito mais do que natural para algumas pessoas.

Para ficar mais fácil de entender, vamos falar sobre a importância da respiração realizada pelas narinas.

Quando aspiramos o ar pelo nariz, os pequenos pelos localizados no interior das narinas e do muco ajudam a filtrar as impurezas e proteger nosso organismo dos microrganismos.

Já o tecido conjuntivo e as glândulas presentes na cavidade nasal promovem o aquecimento e umidificação do ar inalado, tornando-o mais puro.

Na respiração bucal, isso não acontece, pois não é nenhum filtro na nossa boca. O que acaba aumentando os riscos de infecções e favorecendo outros problemas, conforme veremos a seguir.

Obstrução nasal é uma das causas da respiração bucal

De forma geral, a respiração bucal costuma ser causada por dois fatores. O primeiro deles é a obstrução nasal, seja completa ou incompleta, uni ou bilateral.

Contudo, a situação não é tão simples quanto parece. Isso porque as mais diferentes circunstâncias podem deixar o nariz entupido.

As mais comuns são a rinite e sinusite, duas inflamações que são caracterizadas pelos sintomas nasais, principalmente.

Assim como o aumento das adenoides, glândulas localizadas na parte superior da garganta, atrás do nariz e do céu da boca.

E ainda o desvio de septo nasal, que é o deslocamento lateral da estrutura que separa uma narina da outra. Entre tantos outros fatores.

Respiração bucal também pode ser resultado de simples hábitos

mamadeira

Uso de mamadeira, principalmente com bico inadequado e período prolongado, pode estimular a respiração oral

A Síndrome do Respirador Bucal também pode ser causada por alguns hábitos comuns na infância, que podem dificultar a respiração pelo nariz.

Entre eles, estão o uso da chupeta ou da mamadeira por período prolongado e a prática de sucção do dedo.

Até mesmo o fato de o bebê estar mal posicionado no berço, na hora do sono, pode provocar a respiração bucal.

Amígdalas aumentadas, muitas vezes resultantes de infecções, também aparecem na lista.

Isso porque podem fazer com que as crianças precisem abrir a boca e rebaixar a língua para uma melhor passagem do ar.

Além disso, existem pessoas que desenvolvem o hábito de respirar pela boca por determinados motivos e não conseguem voltar a respirar pelo nariz depois que a questão é solucionada.

Veja ainda: Chupar dedo e saúde bucal: conheça os riscos e consequências

                     Cárie de mamadeira tem evolução rápida e pode causar sérios problemas

Alterações comuns no respirador bucal

O respirador bucal geralmente é identificado pelo hábito de manter a boca aberta, seja dormindo ou acordado.

Mas essa não é a única alteração causada por esta disfunção. Geralmente, uma incorreta postura muscular de lábio e língua é percebida.

Assim como maxila pouco desenvolvida, mandíbula desarmônica, céu da boca mais alto, arcadas pequenas, dentes tortos, abertos e desalinhados e lábio inferior saltado para baixo.

Além disso, a língua costuma ficar posicionada na parte debaixo da cavidade bucal, junto aos incisivos inferiores.

Alterações faciais também podem ser esperadas, como aumento da cavidade oral e diminuição da cavidade nasal.

Bem como cabeça projetada para frente e, consequentemente, problemas de postura corporal.

Os principais sintomas

Durante a noite, se o indivíduo não consegue respirar pelo nariz, a boca acaba ficando aberta e causando roncos, salivação excessiva, ressecamento da garganta, entre outros.

Como o sono passa a ficar agitado, acaba interferindo muitas vezes no dia a dia do paciente, que pode ficar mais sonolento e irritado, além de apresentar olheiras e cefaleias matinais.

A mastigação e a deglutição também podem ser prejudicadas, em virtude da flacidez da língua e da boca.

Com isso, pode acontecer de o indivíduo mastigar pouco, comer mais rápido, preferir alimentos pastosos e beber líquidos durante a refeição para ajudar no processo.

Assim como Infecção das Vias Aéreas Superiores de repetição, tosse seca persistente, halitose, incontinência urinária noturna e aumento das cáries dentárias, entre outros sintomas.

Como é feito o diagnóstico

odontopediatra

Profissional dentista pode contribuir para o diagnóstico da respiração bucal, por meio da observação de alterações faciais e bucais

Muitas vezes a suspeita de Síndrome do Respirador Bucal pode ser levantada pelo próprio profissional dentista, nas consultas de rotina.

Isso a partir das alterações faciais ou até mesmo dos problemas encontrados nas arcadas e elementos dentários.

Ao contrário do que muita gente pensa, o odontólogo não é um profissional especializado apenas em dentes, mas sobretudo em cabeça e pescoço.

Ainda assim, o diagnóstico costuma ser feito pelo otorrinolaringologista, a partir de uma anamnese que visa avaliar os hábitos e sintomas, em primeiro lugar.

Pode acontecer de o paciente apresentar sintomas isolados, o que pode mascarar a patologia e dificultar o diagnóstico.

Também são avaliados exame físico geral e otorrinolaringológico e, em alguns casos, solicitados exames complementares, como raio-x, endoscopia nasal, tomografia, biópsia, entre outros.

Isso tudo no intuito de determinar o que está causando a respiração bucal para, posteriormente, definir o tratamento mais adequado.

Consequências da respiração bucal

A respiração bucal pode causar sérias complicações, se não for tratada precocemente. Inclusive comprometendo a qualidade de vida de crianças, adolescentes e adultos.

Em crianças, por exemplo, como o crescimento da face ocorre, em sua maior parte, até os 12 anos de idade, a respiração bucal pode acabar prejudicando tal desenvolvimento.

O que, consequentemente, vai acarretar uma cavidade oral aumentada e uma cavidade nasal diminuída, conforme mencionado.

Com isso, os dentes podem ficar mais abertos, o céu da boca mais alto, o lábio inferior evertido e provocar alterações na mandíbula e na maxila na fase adulta.

Já os distúrbios do sono podem refletir em problemas comportamentais, baixa autoestima, déficit de atenção, queda no desempenho escolar e distúrbios neuropsicológicos.

Há indícios, ainda, de comprometimento de peso e estatura, alterações cardiovasculares, distúrbios hormonais e problemas na fala, aprendizagem, postura, mastigação e deglutição.

Em adultos, além das alterações no sono, pode haver uma maior incidência de problemas pulmonares, infecções de garganta, mau hálito.

Assim como dificuldades para realizar atividades físicas e alterações dentárias significativas, como a mordida cruzada.

O tratamento é multidisciplinar

Como a respiração bucal é uma disfunção multifatorial, na maior parte das vezes o tratamento também é realizado de forma multidisciplinar.

Isso significa que pode envolver os mais diferentes profissionais, como pediatra, ortodontista, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista, entre outros.

Conforme já pontuado, determinar o fator causal é imprescindível para definir a melhor abordagem.

Além disso, quanto mais cedo a Síndrome do Respirador Bucal for tratada, menores serão os riscos de complicações.

O tratamento ortodôntico é uma das medidas terapêuticas mais comuns entre as crianças respiradoras bucais.

Isso porque o aparelho é capaz de corrigir as alterações bucais e ajudar a promover um novo padrão respiratório.

Veja também: Existe idade certa para colocar aparelho ortodôntico?

É possível prevenir a respiração bucal?

amamentação

Estimular amamentação ao seio contribui para o aumento da tonicidade da musculatura facial e previne respiração bucal

Prevenir é melhor do que remediar, não é mesmo? E a situação não é diferente quando se trata de respiração bucal.

A boa notícia é que as principais formas de prevenção começam no início da nossa vida, literalmente. Quando ainda somos recém-nascidos.

A começar pelo estímulo à amamentação ao seio, que é considerado um verdadeiro exercício por contribuir para o desenvolvimento da face e estruturas bucais.

Bem como para o aumento da tonicidade da musculatura facial, o que não acontece com a mamadeira, que facilita o trabalho e priva o bebê de qualquer tipo de esforço.

Assim que possível, também é importante incentivar o bebê a mastigar os alimentos de forma correta, sobretudo os duros, secos e fibrosos.

Também vale a pena evitar a adoção de acessórios como chupeta e mamadeira e monitorar hábitos nocivos, como o de sucção do dedo, principalmente em prazo prolongado.

E chamar a atenção das crianças para a respiração correta, pedindo para que elas fecham a boca e respirem pelo nariz, sempre que possível.

Além de estimular exercícios faciais, como bochechar, assobiar e estalar a língua, a fim de prevenir a respiração bucal.

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